A planície estende-se até ao fundo do horizonte e ainda venho a pensar em Taos Pueblo quando, de súbito, uma ponte inesperada atravessa a vertigem de um canyon emboscado. A adrenalina acelera-me o ritmo cardíaco. Reconheço este sítio de todos os filmes do Oeste, de todos os documentários do Oeste. Este é o desfiladeiro do Rio Grande. A surpresa máxima e última que este rio me tem reservada. A planície plana cortada a pique e de um sopro. Percebo a cena típica do cavaleiro cowboy que pára de repente porque de repente o desfiladeiro mortífero se abre a seus pés. Percebo nitidamente o perigo e de onde vem a cena. Nada na paisagem deixa perceber que este colosso a atravessa.
Lembra-me o Grand Canyon (das minhas saudades) em miniatura, como se houvesse algo miniatural aqui neste portento da Natureza. Venço as vertigens que me assolam em momentos destes (quantas mais não terei nesta viagem por uma paisagem de Cíclopes?) e absorvo a paisagem. Encosto-me aos rails da ponte metálica e tiro fotos sem olhar para focar. Toda eu sou adrenalina e medo e alegria inquantificável. Isto não estava no programa mas é o inesperado sublime.
Que grandioso é o Oeste... Dou graças, sempre e novamente, pelos privilégios que me trazem aqui. A humildade perante as Graças faz-nos apreciar plenitudes. Sou turista sem que o queira ser. Acrescento este momento de paisagem abissal aos retalhos de paisagens que me compõem a mente e o coração e me enchem de mundo. Será isto que levarei da Vida.
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