O letreiro prenuncia o que deverei encontrar. As letras carcomidas pelos elementos indiciam outros tempos. Outrora um local de paragem obrigatória, Seligman é hoje apenas uma atracção turística, um local de souvenirs e memorabilia, uma cidade tão desvanecida como as tintas das letras do letreiro que a anuncia.
Pensei que ia encontrar hordas de turistas mas nem isso. As lojas tristes e kitsch estão plantadas na berma de uma estrada que vive só como memória passada. Faço a única coisa que me é permitido fazer, entro no espírito do passadismo amante do turista e entro nas lojas.
Compro as bugigangas da praxe, as t-shirts para os meus sobrinhos, os magnets para o frigorífico. Faço em Seligman a única coisa que Seligman deixa que lhe façam: compras de insignificâncias que me dirão no futuro "Estive lá!", neste aqui para turista ver, propósito único da existência de Seligman neste nosso presente.
Sigo viagem.
1 comentário:
Há muito que deixei de comprar lembranças daqui e dali, pois acabavam sempre numa gaveta para o efeito, o que coincidiu mais ou menos com o momento em que os filhos deixaram de viajar connosco (nessa altura só na Europa). Agora só adquiro em sítios muito especiais ( Círculo Polar, Crater Lake, Grand Canyon...) "patches" de preferência em tecido que colo numa parede da nossa autocaravana, mesmo, como é evidente, ela própria nunca ter atravessado o Oceano! Mas lá vejo-os e relembro esses lugares longínquos onde quero sempre voltar...
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