Saio de Seligman de volta ao asfalto da Route 66 e aos espaços abertos. A linha de comboio segue ao lado e ao lado passam os colossos portentosos que se estendem serpenteando na paisagem por milhas e milhas. Este aqui, como tantos outros comboios, tem dois andares de contentores em cada vagão. Penso na força bruta que é necessária à deslocação destas mega-toneladas de transporte.
Anda uma tempestade a rondar a estrada. Os relâmpagos enchem o céu e a escuridão das nuvens e da carga de água infunde medo. Locus horrendus, a natureza selvagem e bruta que tanto inspirava os poetas românticos e que igualmente me fascina e atrai na sua ferocidade. Obviamente que uma coisa é gostar de observar a tempestade, outra coisa é levar com ela em cima ao volante. Já apanhei disso vezes sem conta nesta viagem e, desta vez, é preferível parar e deixá-la passar.
Recolho-me em Peach Springs, o centro administrativo da Reserva dos Hualapai em território Mojave. Tempos houve, no esplendor da época dourada da Route 66, em que deveria ter sido uma cidade vibrante. Agora é mais uma ruína na estrada. As estações de serviço abandonadas à ferrugem do tempo. Solidão e os Hualapai que se vêm abastecer ao supermercado da Reserva. Olham para mim como que a perguntar o que é que esta branca desta turista aqui está a fazer, porque é que parou neste nenhures. Deixo a tempestade passar e retomo o caminho por esta pobre e abandonada Route 66.
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