Sabemos sempre que nos aproximamos das atracções de uma cidade quando o turista passa a ser servido do habitual cardápio da compra de bugigangas e quinquilharias chamadas souvenirs. Compro duas t-shirts para os meus sobrinhos (porque, à laia de colecção, lhes trago t-shirts de todos os sítios onde a Tia vai) e está a coisa feita. Sigo.
Málaga teve azar (muito). Trazendo na mente a imponência de Salamanca e a elegância de Segóvia, é injusto que na minha mente aflore a comparação entre o centro histórico de uma cidade balnear como Málaga com cidades Património da Humanidade. Málaga tem o que tem e as comparações são, ou deveriam ser, inúteis. A catedral está incompleta e isso foi transformado em atracção que singulariza Málaga, uma singularização que, paradoxalmente, também a diminui. Monumental não tem a monumentalidade que trago ainda bem viva nos olhos. Procuro outras coisas neste pôr-do-sol que vai colorindo a cidade de dourado.
O Álcazar árabe levanta-se, literalmente, dos escombros romanos. Há aqui qualquer coisa de norte de África, lembro-me da Tunísia, e da Andaluzia de Granada e Córdoba mas, outra vez, sem a monumentalidade.Até o cheiro é entre o andaluz e o norte-africano: um cheiro acre a gatos e a animais de rua, a calor residual sobre pedras que preferiam não ser incomodadas pelos pés do futuro voyeur, mais interessados nas selfies do que no que elas, as pedras, teriam para contar.
Pouco me detenho e vou ainda à procura de uma Málaga que não me mereça comparações, uma Málaga única que eu, nesta pressa, possa levar na memória.
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