Tão perto e tão longe os dias de férias. A semana final antes da paragem para o Verão é sempre a mais custosa de passar e a mais laboriosa. Pontas e mais pontas soltas que têm de ser atadas, o tempo com pressa de fugir sem chegar para nada e o tempo que não passa em paradoxo.
Este ano as férias serão um regresso a um local meu não-meu. Adiei esta ida onde irei por vários anos. Há uma despedida que me aguarda e da qual tenho vindo a fugir. Não posso, nem devo, nem quero adiar mais por isso vou. Por outro lado, devo ao homem que me casou em Las Vegas o encontro com o sítio para onde o levo, o conhecer o alguém que me espera no destino. Quero, como quero, que ele conheça este sítio meu e não-meu. Quero mostrar-lho. Quero que ele conheça as pessoas do meu passado e o meu passado, as minhas origens, a minha língua primeira, a geografia da minha familiaridade. Quero levá-lo aos meus locais preferidos e escondidos e mostrar-lhos com um sorriso.
Virão também os padrinhos americanos que nos casaram em Las Vegas. Agora que se tornaram família também lhes quero mostrar esse pedaço de mundo do qual tão longe vivo e do qual tanto e tanto me vou, e cada vez mais, afastando. Vai ser "giro" acho. Emocional e emocionante. Aguardo e antecipo a viagem. Conto em decrescente. Está quase e só falta o quase...
21 de julho de 2017
12 de julho de 2017
No Luso
Não sei porquê nunca me deu para ir ao Luso. Talvez seja a minha sempre-presente renitência ao Norte e o Luso, para mim, é a norte. Talvez seja porque tenha ouvido falar da humidade do Luso e eu, que amo os desertos, não me fascino pela humidade. Quis porém o caprichoso Destino que eu fosse ao Luso. E eu fui, pois. Lá se nega o Destino?
A primeira coisa que descobri é que sim e sim, confirma-se que o Luso é húmido, e frio e pardacento, mesmo em pleno Julho. Eu passei frio em Julho no Luso. Frio, certo? Pois, isto não ajuda nada a que me aproxime do Norte (ainda que em Agosto eu vá de viagem para o grande Norte onde nasci e que não quis para vida, mas isso é, e será, outra história...).
A segunda coisa que descobri é que não, não é Grande Hotel "do" Luso mas, antes, Grande Hotel "de" Luso. Penitencio-me já pela anterior ignorância ainda que não consiga discernir a diferença de sentido atribuída pela preposição em estado neutro. Enfim, a ignorância tem destas coisas...
E assim se passou um dia de pico de Verão numa terra de humidade, frio e neblina. Não sei porquê nunca me deu para ir ao Luso. Perante esta vivência não sei se me dará para voltar ao Luso. O Destino caprichoso disso se encarregará pelo sim ou pelo não.
A primeira coisa que descobri é que sim e sim, confirma-se que o Luso é húmido, e frio e pardacento, mesmo em pleno Julho. Eu passei frio em Julho no Luso. Frio, certo? Pois, isto não ajuda nada a que me aproxime do Norte (ainda que em Agosto eu vá de viagem para o grande Norte onde nasci e que não quis para vida, mas isso é, e será, outra história...).
A segunda coisa que descobri é que não, não é Grande Hotel "do" Luso mas, antes, Grande Hotel "de" Luso. Penitencio-me já pela anterior ignorância ainda que não consiga discernir a diferença de sentido atribuída pela preposição em estado neutro. Enfim, a ignorância tem destas coisas...
E assim se passou um dia de pico de Verão numa terra de humidade, frio e neblina. Não sei porquê nunca me deu para ir ao Luso. Perante esta vivência não sei se me dará para voltar ao Luso. O Destino caprichoso disso se encarregará pelo sim ou pelo não.
3 de julho de 2017
E Évora aqui tão perto
O Alentejo veio em descoberta tardia. É uma das coisas que devo ao meu infame divórcio. Foi durante aquela travessia que, felizmente, me trouxe à liberdade que descobri este pedaço grande de chão e céu. Tenho sempre vontade de regressar. Gosto de tudo. Não me importo de repetir. É um Sul que me chama e de cujo chamamento eu gosto. E eu, já se sabe, amo o Sul e todos os "Suis". Às vezes perguntam-me onde, no planeta que conheço, eu gostava de ter uma casa sem ser esta que tenho, no sítio onde tenho e que não troco por nada. Costumava responder na "Flórida" ou na Ilha de Rodes na Grécia até ter conhecido o Alentejo. O Alentejo... A planície sem fim e a paisagem mediterrânica, as cigarras em alta-voz, as cegonhas, o calor mole e os pores-de-sol em céu infinito, Espanha para lá do horizonte, gaspacho ao jantar e as rectas emolduradas por sobreiros descascados e tronco cobre-vivo.
Fui de passeio a Évora a pretextos de almoço. Não que precise de pretexto para passear, mas um pretexto dá um objectivo e o objectivo cria expectativa que, por sua vez, confere ganas e alento e assim lá fui a Évora. Conheço bem e, de cada vez, é como se não conhecesse que é para não cair na rotina dos sítios conhecidos que de tanto vermos deixamos de ver. E lá fui pelos becos e vielas da cidade-património sorrindo a imaginar a alma de povo que baptiza as ruas com imaginação tão popular e folclórica. Abençoado povo que se engrandece pela, e na, despretensão.
Fui de passeio a Évora a pretextos de almoço. Não que precise de pretexto para passear, mas um pretexto dá um objectivo e o objectivo cria expectativa que, por sua vez, confere ganas e alento e assim lá fui a Évora. Conheço bem e, de cada vez, é como se não conhecesse que é para não cair na rotina dos sítios conhecidos que de tanto vermos deixamos de ver. E lá fui pelos becos e vielas da cidade-património sorrindo a imaginar a alma de povo que baptiza as ruas com imaginação tão popular e folclórica. Abençoado povo que se engrandece pela, e na, despretensão.
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