Entre o Starnbergersee e o Ammersee, os dois maiores lagos aqui da região dos Cinco Lagos, fica Kloster Andechs (a Abadia de Andechs), famosa como local de peregrinação e mais afamada ainda pela sua produção de cerveja (algo muito comum nos conventos alemães. Em Portugal dedicavam-se aos doces de ovos, na Alemanha à cerveja).
Localizada no cimo da Heilige Berg, a Montanha Sagrada, a abadia comanda uma vista desafogada sobre a bucólica paisagem do sul da Baviera. De súbito, somos apanhados num tempo sem tempo. No entardecer já livre de turistas e peregrinos, o espaço retoma a solidão de si, a quietude em que primeiro viveu quando foi fundado na Baixa Idade Média pelos monges beneditinos e pelos condes de Andechs que para aqui trouxeram inúmeras relíquias.
No Biergarten do mosteiro, um terraço amplo sobre a paisagem, um ou outro turista mais renitente que aprecia o ocaso neste espaço entre o sagrado e o profano. No silêncio envolvente mal se distinguem as vozes de convívio. Percebo que seja o local indicado para se ter sepultado o compositor Carl Orff, sim o dos Carmina Burana: o silêncio magistral sobre a paisagem, o templo medieval que ecoa ao tempo em que primeiro foram escritos os códices que deram origem à sua obra-prima. Se mais alguma vez for a Kloster Andechs levo uns headphones para ouvir o "O Fortuna". Que excepcional banda sonora...
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