5 de novembro de 2017

Dia 7: Bolos e Sekt

Depois de almoçarmos e passearmos no jardim, passamos pela Rabien, uma pastelaria icónica mas longe do icónico para turista. Levamos bolos de frutas e chocolates de que eu tenho sempre saudades portuguesas quando estou em Portugal. Também levo bolos de Natal porque Natal que é natal tem de ter bolos alemães por muito boas que sejam, e são, as filhoses, as broas castelar e os sonhos portugueses. Claro que comerei os bolos natalícios antes do Natal...
Lanchamos como eu toda a vida vi a Mãe lanchar e como só lancho aqui: café moca com natas, Sahne como sempre e só ouvi a Mãe dizer, e os bolos também acompanhados de natas. Revivo a vida e partilho o passado com o meu marido. O que eu queria que ele me conhecesse aqui. O que eu queria que ele nos conhecesse. Faço desta viagem uma espécie de rito iniciático que o faça entrar no nosso mundo, nosso de alemães. Quero torná-lo um de nós também, sabendo que é possível repartir o coração por dois países. É possível, sim, perfeitamente possível.
De vez em quando olho para o meu marido a tentar perceber-lhe reacções a este dia e ao conhecimento de nós. Sossego-me em alegria porque o vejo em sorriso constante e o sinto à vontade e alegre na nossa companhia. Brindamos com Sekt. Rimos. A outra sobrinha da minha Tia leva-me a passear na pequena floresta onde se situa a casa da minha Tia numa destas residências assistidas de primeiro mundo. Fala-me da mudança da Tia para esta casa, de como está contente a Tia por aqui estar e de outras coisas de família e que só a nós interessam. Para a semana vão para Brandenburg, o estado que circunda Berlin e de onde é originária a minha Tia. Depois de o Muro cair, conseguiram comprar a casa em que a Tia cresceu e ela gosta de regressar de vez em quando às origens. Teve de abandoná-las quando chegaram os russos mas isso agora é passado, embora presente.
Reentramos em casa e encontro o meu marido recostado na poltrona falando com o marido da outra sobrinha da minha Tia, o qual vai traduzindo a conversa a três. O meu coração enche-se de felicidade.

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