Há um filme alemão de 2003 que adoro e que reflecte o pós-queda do Muro. Chama-se "Good Bye Lenin" (não sei o título em Português) e vem-me à memória agora que estou aqui nesta fancaria em que se tornou Checkpoint Charlie. O filme é uma comédia (coisa pouco associada aos alemães mas dêem-lhes o benefício da dúvida e verão como também conseguem ser cómicos) e tem como história uma mulher, profundamente devota dos ideais comunistas e que entra em coma acordando depois de o Muro ter caído e a Alemanha se ter reunificado. Ora, quando a senhora acorda, os médicos aconselham a família a evitar que a dita cuja sofra perturbações emocionais e os filhos vão passar por todas as peripécias para evitarem que a mãe descubra que acordou em plena sociedade consumista ocidental.
Ora, vem-me o filme à memória ao ver esta encenação parva de Checkpoint Charlie rodeada de McDonalds e de todas as marcas distintivas do Ocidente consumista que o Leste odiava. Na verdade, nada como o passar do tempo e o caminhar da História para relativizarmos o passado que, mesmo assim, eu considero não dever ser relativizado. Enfim, o Hegel nunca nos conseguiu ensinar que a única coisa que a História mostra é que não aprendemos com a História.
Entro numa Dussmann (a espécie de Fnac de Berlim) com o meu marido e trazemos o DVD Deluxe Edition de "Good Bye Lenin". Acho que hoje ele compreendeu parte da alma desta cidade (e da minha também)...
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