16 de novembro de 2017

Dia 8: Ampelmännchen

Na Berlim de hoje já não se notam as divisões Oeste/Leste. O Muro vende-se em pedacinhos falsos em porta-chaves e ímanes para o frigorífico, os checkpoints são peças de cenário e, desta vez, vi apenas e só um único Trabant a circular em modo turístico na rotunda atrás da Porta de Brandenburgo. Há, no entanto, algo tipicamente evocativo da ex-DDR, a ex-Alemanha de Leste, a que, ironicamente, se chamava República Democrática Alemã numa alegoria vã e sarcástica à democracia: os Ampelmännchen (os homenzinhos dos semáforos).
A divisão das Alemanhas era tão conspícua que até em algo tão inócuo como os semáforos havia uma distinção. No Leste eram uns "homenzinhos" de narizinho arrebitado, compostamente vestidos, com um chapéuzinho e sapatinhos nos pés, prontinhos a parar ou a avançar. Já não se vêem muitos. Tal como o Muro, são hoje relíquias feitas porta-chaves e ímanes para frigoríficos. Caminho pelas ruas e chamo a atenção do meu marido para estes pequenos pormenores que me lembram outros e mais outros e outros e assim lhe vou dizendo de mim, de eu/nós e de eu/eles.


1 comentário:

Dalma disse...


Um símbolo do comunismo posto a render numa economia capitalista, ironia do destino!!


Aqui fica a minha apreciação do Ampelmännchen quando da minha última visita a Berlin, que das outras duas não me lembra de o ter notado.

http://noareeiroeporai.blogs.sapo.pt/2016/07/01/