Quero mostrar Berlim ao meu marido. Naturalmente, começo por mostrar-lhe os ícones desta cidade. Faço, digamos, a volta turística da praxe. Aqui está a Funkturm, o edifício mais alto de Berlim, localizado na parte ocidental e de cujo topo era possível ver o "outro" lado e de onde se vê a estrada que unia a Berlim livre à Alemanha livre. Quem aqui vivia tinha naquela estrada uma esperança e um pesadelo. Uma esperança porque a estrada era uma união entre quem vivia aqui nesta Berlim esquartejada e quem vivia no resto do país que não estava sob jugo soviético. E era um pesadelo porque quem a usava tinha x tempo para a atravessar e, se algo acontecesse no caminho e não se chegasse ao outro lado no tempo estipulado, ia haver chatice: polícia e interrogatórios à mistura.
Da Funkturm vê-se o Spree, o rio que atravessa Berlim e por onde as minhas Tias se escaparam à ocupação, e vê-se a paisagem do estado de Brandenburg, o estado que envolve Berlim, ela própria um estado federal. Brandenburg ficava do tal "outro" lado, Berlim era uma ilha e essa noção insular percebia-se bem do alto da Funkturm. Como mudam os tempos... Neste caso, para melhor.
1 comentário:
Esta fotografia não será a da Berliner Fernsehturm, torre da televisão construída pela DDR e que pretendia mostrar as suas “capacidades”de realização? E não há por perto um arranha céus construído pela RFA de onde se “espiava” também o lado de lá?
A vista lá de cima, para uma professora de Geografia que fui, foi o constatar “ in loco” o que sabia... dois lados de urbanismo oposto!
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