Foi em Augsburg que se começaram as primeiras experiências no campo do que hoje chamamos habitação social. A família Fugger, liderada por Jakob Fugger, fez um bairro inteiro de casas com rendas acessíveis que fossem um ponto de passagem para quem encontrasse dificuldades na vida. O incentivo não era que as famílias por lá ficassem para sempre. Ao invés, o objectivo era prestar auxílio a quem, por doença, desemprego, ou uma qualquer fatalidade, se visse desprovido de sustento ou o tivesse comprometido. Criou-se, assim, a Fuggerei que ainda hoje está activa e tem os seus residentes, na sua maioria pensionistas de baixos rendimentos que pagam à Fundação dos Fugger uma renda simbólica. Nós, os turistas voyeurs podemos passear-nos pelas ruas do bairro, visitar os apartamentos-modelo, os antigos e os modernos, ver o museu e um bunker da II Guerra. Há entretenimento para uma tarde inteira. No entanto, o que daqui levo é que o homem mais rico do mundo usou parte da sua fortuna benemeritamente, não na caridadezinha que apenas dá dinheiro paliativo mas no auxílio a que os desafortunados se voltassem a erguer e a elevar das circunstâncias negativas que a Vida lhes tivesse atirado.
Noto, num relógio de sol, a frase "Nütze die Zeit" que quer dizer "Aproveita o Tempo" e é isso mesmo. Temos o direito e, talvez sobretudo, o dever de aproveitar o tempo para dele e com ele fazermos algo proveitoso das nossas vidas. A Fuggerei era uma passagem de dignidade perante a adversidade, uma esperança de dias melhores conseguidos através do esforço e da dedicação ao arranjo das nossas vidas. Olhando para a minha própria Vida, dá para pensar que nenhum tombo vale a nossa derrota.
1 comentário:
Quando venho a Lisboa, e agora quase sempre com tempo, “obrigo-me” a conhecê-la melhor. Estes passeios são mais frutuosos quando os faço com a Fátima, (minha ex-aluna e hoje professora universitária), ambas entendidas em Geografia Urbana embora agora, ela mais do que eu, do que qd os faço, com o meu marido que, como eng. químico, às vezes não vê a graça no que eu lhe aponto! Sim eu tb não me entusiasmo quando ele me aponta complexos industriais e procura adivinhar o que lá se produz e assim... ambos nos compreendemos!
Aqui fica o “périplo” pela Mouraria com a minha aluna, acho que gostará.
https://noareeiroeporai.blogs.sapo.pt/o-grande-mapa-do-mundo-299300
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