28 de junho de 2018

20 anos

Como é que já se passou todo este tempo, se ainda ontem aqui estavas? Se vives connosco todos os dias? Como é que qualquer dia, quase metade da minha vida Aqui é feita sem te ter Aqui? Sim, são vinte anos menos que me separam de Ti, mas parece que não se passaram porque ainda te sinto distante e longe desta minha condição de viva.
Estás comigo a toda a hora, em cada instante. Nunca te ausentas do meu pensamento, de pequenas sensações, no dia-a-dia que me enche os dias. Estás sempre num canto qualquer fazendo-te presença subtil, elegante como sempre foste.
Rodeias-nos a vida e nisso é como se nunca tivesses partido desta existência. Até no facto de continuarmos estropiados te sentimos. A dor fantasma do amputado, temo-la. Por isso, continuas Aqui não estando Aqui. És imortal. Vezes, muitas, houve em que pensei na ironia de ser a nossa imortal a primeira a partir. Pensava como é que tinha sido possível ficarmos sem o nosso imortal. Todos podíamos e iríamos partir à Tua frente e, no entanto, todo esse plano nos saiu furado por teres sido tu quem primeiro se foi. Estava enganada. Os imortais são os que partem antes do tempo, antes do resto de nós. Os imortais são os que se sentem para sempre quando deixam de estar Aqui. Claro que és a nossa imortal. Todos os dias vives em nós mais do que qualquer um de nós vive em si.
Eterna e imortal, és isso para mim, tenhas partido há vinte anos ou há cem, ou ontem. Eternamente amar-te-ei, Mãe...

2 comentários:

Dalma disse...

B. só morremos verdadeiramente quando a ultima pessoa que nos recordava também morrer!
A minha querida avó ainda não me morreu, porque foi ela que verdadeiramente moldou o meu caráter...e no dia a dia tantas são as coisas que ma fazem lembrar, e já lá vão 34 anos!

George Sand disse...

As mães são eternas.