15 de junho de 2018

Alpsee

Ludwig II e todos os que acharam que esta região era feérica, tão que aqui se empenharam em construir castelos de encantar, tinham razão. É um local com alma. Carismático. Há aqui qualquer coisa de sereno que sobrevive apesar das hordas de turistas invasores que tudo vêem na superficialidade da selfie e do instante.
Detenho-me na margem do Alpsee a ver os cisnes e a fazer tempo para não ir embora. Os olhos querem o sítio como tantos olhos antes o quiseram. Mesmo à beira do lago alpino há um museu sobre os reis da Baviera. Relembro ao meu marido a eterna questão desta Alemanha retalhada por reinos, ducados, principados e impérios, unificada apenas porque sim, porque a História deu umas voltas colossais aqui. A Baviera era um reino, ainda orgulhoso da sua independência, ainda não absolutamente integrado (alguma vez o será?). Tenho um amigo bávaro em Portugal. Vive entre nós há trinta anos e quando lhe pergunto quando regressará à Alemanha, agora que a idade vai chegando para se retirar das lides da profissão feita carreira, responde que o fará quando a Baviera for independente. Isto diz tudo...
É fim de tarde. As sombras dos Alpes começam a cair, lançando a sua penumbra translúcida sobre a água do lago. Os pés fazem o caminho de regresso ao carro e vou-me despedindo deste espaço mágico a cada passada que dou. Penso em regressos, tal como o regresso que ainda hoje espero fazer a um local onde também me fiz.

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