6 de outubro de 2018

Empire State

Quem vem a Nova Iorque pela primeira vez, palpita-me, sucumbe à tentação de subir ao topo do Empire State Building, o arranha-céus icónico com o mesmo nome do estado em que se localiza a cidade. O estado de Nova Iorque é o estado do império, sem que ninguém saiba o porquê da denominação. Já fui turista com essa tentação da subida. Sofredora de vertigens como sou, agarrei o medo e lá me aventurei rumo à altura. Naquele tempo, havia as vistas para as Twin Towers e tudo se menorizava no contraste com aquela verticalidade a pique. Havia vento, muito vento, e o vento puxa à vertigem. Vi o azul do rio e uma minúscula, se bem que continuamente imponente, Estátua da Liberdade. Desci, contente por vencer pavores que, para mim, nada têm de irracional, e feliz por ter feito um visto numa quadrícula de coisas imprescindíveis em Nova Iorque.
Os anos passaram. Nada me chama a empreender a subida em elevadores ultra-rápidos com a promessa da vista fascinante sobre a cidade que nunca dorme, que tudo pode e onde tudo se pode. Vejo o colosso agarrada ao solo, à distância ou a espreitar entre o emaranhado de prédios. Lembra-me sempre a época antitética em que foi construído, um tempo de recessão e, apesar de tudo, optimismo. O crash bolsista de 1929 aconteceu no ano antes do início da sua construção em Março de 1930. Treze meses depois era inaugurado. Posso não subir ao alto do Empire State mas, para mim, ele é a corporização do espírito americano...

1 comentário:

Dalma disse...

De uma das vezes que fomos a NY, já depois de as Torres Gémeas deixarem de fazer parte da cidade, subimos ao Empire State Building... eu gosto sempre de ver as cidades de cima é como se eu tivesse nas mãos um mapa em 3D !
O maravilhoso Chrysler Building parece estar ao alcance da nossa mão, quase ali o Central Park, um pouco mais longe o Hudson... tb a Trump Tower se nos insinuava se bem que na altura pouco sabia do seu dono!