10 de outubro de 2018

O Flatiron Building

Nova Iorque é os seus edifícios, entidades providas de nome, identidade, individualidade. O Flatiron Building, literalmente, o ferro de engomar, é um deles. O aspecto triangular dá-lhe a imagem distintiva que o associa ao electrodoméstico comezinho e quotidiano. No entanto, nem há maior antítese. O Flatiron não tem nada de comezinho.
Localizado numa área de "prime real estate", onde o metro quadrado atinge somas exorbitantes demais para o entendimento da nossa comum mortalidade, o Flatiron está na charneira entre a opulência da Quinta Avenida e a boémia Broadway. Evocativo dos primórdios confiantes do século XX, foi acabado de construir em 1902, é uma ode ao poder do aço e do betão com aspirações ao belo e não meramente ao funcional. Tem o seu quê de simpático à vista e de menos arrogante no seu gigantismo face a outros vizinhos. Lá dentro aloja um dos maiores portentos editoriais do mundo, a Macmillan, curiosamente em mãos de um grupo alemão. Livros, aço, betão, a Quinta Avenida e Manhattan em dia de sol, o pensamento dessa comunhão não deixa de ser alegre.

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