23 de janeiro de 2019

Como no Livro do Desassossego

Vivo numa bolha. Faculdade-Casa-Faculdade-Casa. Entre ambos os espaços fechados, o carro. Fechado. Preciso ver gente e estar entre anónimos nas suas vidas. Preciso uns minutos fora de portas na cidade que nunca visito, onde nunca entro como passeante. Há cinco minutos de vida que posso usar. Cinco minutos fora da bolha. Subo a pé até ao miradouro de são Pedro de Alcântara. Do outro lado da colina a Lisboa icónica medieval. O castelo. O casario. A tarde cai e está fria e eu vejo-me passeante numa cidade-postal e, por momentos tenho saudades de um passado deixado há décadas de quando aqui estudei e deambulava por estas ruas nos meus afazeres que não me diziam que eu chegaria aqui a este sentimento de Bernardo Soares deambulante, solta de uma bolha em busca da cidade-viva...

2 comentários:

Mariana disse...

Carìssima Blonde,
Devo confessar-lhe, que foi imersa numa bolha em circunstâncias profissionais me deparei com o seu blogue. Achei-lhe piada!Vota e meia espreito! Como tem razão neste seu desabafo! Durante muitos anos vivi 90% do meu tempo entre voos longo curso, hotéis, reuniões, apresentações, etc. É que isto do mundo da alta finança, do Financial Times, da City daqui e dali é a bem da verdade muitíssimo complicado e acima de tudo CHATO. No início era a novidade, o almejar uma carreira profissional desafiante e que só por existir nesta condição no feminino me era ainda mais difícil. Exige cem vezes mais do que ao mundo masculino, creia! Até a um certo dia em Hong Kong, decidi que bastava. Passei a dar-me ao luxo de ter TEMPO para mim ,fazer coisas de que gosto, que me fossem aprazíveis e não meramente obrigacionais , passear, ir a galerias de arte,museus, concertos, ler ,acima de tudo conviver com os meus amigos, família o tempo que me apetecesse e sobretudo de qualidade! Hoje continuo a viajar muito, aliás neste momento estou em Kuala Lumpur. Roubei 2 dias para MIM e, mais tarde então me entregarei aos afazeres profissionais. E sou muito mais feliz assim! Uma muitíssima bem sucedida carreira profissional não se faz e não nos faz felizes por si só!

Blondewithaphd disse...

Cara Mariana,
Isso é tudo tão, mas tão verdade... Chega a parecer (ou acho que realmente é) que quanto mais sucesso temos, menos nos somos a nós).
Obrigada por aparecer aqui! :)