Associo Cádiz às descobertas espanholas, aos tempos imperiais, a uma época de navegações e rivalidades com Portugal. A localização de Cádiz tem o privilégio e a sorte de lhe dar duas caras, uma virada para um porto abrigado, gigante e sereno, e outra que a projecta para o mar aberto. É uma língua de terra rodeada de água e esse geoestrategismo deu-lhe a história e a importância. Ir a Cádiz obriga a que lhe façamos a circunferência. entremos pelas ruas do casco histórico e apanhemos a marginal nas costas da catedral Sigamos pela marginal que contorna o mar ventoso, continuemos e entremos pela marginal que percorre a serenidade da vasta baía.
As praias ficaram algures na década de 1950, parece-me. Guardam uma nostalgia perdida que não as torna modernas mas sim reminiscentes de esplendores de outrora. Têm também qualquer coisa de magrebino, o edifício de banhos, agora albergue arqueológico meio abandonado, teria enquadramento pleno numa praia marroquina ou tunisina, aqui fica numa descontextualização paradoxal de uma Espanha que, afinal, foi árabe. É neste cadinho de confluências culturais e geográficas que se ergue Cádiz, cidade de amarelos e rosas pálidos em fundos azuis de céu, mar e baía. Esperava, confesso outra monumentalidade, algo imponente como Sevilha ou, mesmo, Salamanca (tão diferente do espírito andaluz) mas Cádiz não é isso. Tem uma catedral de colosso, como convém e como seria expectável, tem igrejas de tamanho tudo menos menor mas falta-lhe o esplendor palaciano. é terra de comércio, de mercadores e marinha e exércitos estacionados, não é um local de grandes portentos cortesãos. Talvez necessite um pouco mais de carinho nos edifícios devolutos ou semi mas, quiçá, talvez seja isso que lhe dá o charme negligenciado...
1 comentário:
Só estivemos uma vez em Cadiz, foi no tempo dos filhos e tempo de viagens em autocaravana. Depois disso nunca mais esteve no nosso caminho.
Cadiz, realmente é na sua estrutura, mt semelhante a Gijón nas Astúrias... a verdadeira diferença está no facto da primeira estar na senda dos ventos secos e quentes de África e a segunda na rota dos ventos húmidos do Atlântico!
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