De que é que se fala quando não há nada para falar?
Certo!, do tempo. Os ingleses falam do tempo, as pessoas educadas falam do tempo por cortesia, os telejornais nacionais falam do tempo. Rewind, please! O que é que existe de tão especial ou anormal para os telejornais falarem do tempo? Não estão 40º graus à sombra, nenhum furacão devastou o litoral algarvio, não há tornados a varrerem o aeroporto da Portela, mas há Inverno. Frio, geada e esses etcs. que costumam acompanhar Janeiro estão aí, e depois? Ai que o país vai enfrentar uma vaga de frio polar, ai que há não sei quantos distritos em alerta amarelo e outros tantos em alerta laranja, ai que vai gear de noite, ai que as pessoas têm de se agasalhar (esta então é das minhas favoritas). Ainda gostava de saber o que é que a normalidade do Inverno tem de valor noticioso acrescentado, palavra de honra que gostava! Agora, o que eu acho mesmo nojento e desprezível, pardon my French, é que se faça da miséria humana e da caridadezinha para inglês ver um show de morbidez. Fazer directos dos abrigos que por estes dias frios se montam para os desvalidos da sociedade que dormem ao relento é, desculpem, uma ode ao voyeurismo cretino, é um peep show do horror a que a condição humana chega. Enoja-me!
Crianças a morrer estupidamente em Gaza (bem, crianças coitadinhas morrem todos os dias, é banal), o Governo propõe um orçamento correctivo, suplementar ou qualquer coisa do género (é o orçamento rectificativo, idiota!, e não se fala mais nisso, é banal), a Ucrânia e a Rússia não se entendem e vai de apertar o torniquete do gás e a Europa que se amanhe (e alguma vez os gigantes do Leste se vão entender?, ó que coisa banal), e já alguém se deu ao trabalho de apreciar bem, com todos os significados subreptícios, o que é ver uma foto da galeria de Presidentes norte-americanos vivos com um Barack Obama lá no meio? (e essa banalidade lá é notícia?). Sim, de facto a invernia é notícia e os pobrezinhos com frio um filão mediático. Que asco!
Certo!, do tempo. Os ingleses falam do tempo, as pessoas educadas falam do tempo por cortesia, os telejornais nacionais falam do tempo. Rewind, please! O que é que existe de tão especial ou anormal para os telejornais falarem do tempo? Não estão 40º graus à sombra, nenhum furacão devastou o litoral algarvio, não há tornados a varrerem o aeroporto da Portela, mas há Inverno. Frio, geada e esses etcs. que costumam acompanhar Janeiro estão aí, e depois? Ai que o país vai enfrentar uma vaga de frio polar, ai que há não sei quantos distritos em alerta amarelo e outros tantos em alerta laranja, ai que vai gear de noite, ai que as pessoas têm de se agasalhar (esta então é das minhas favoritas). Ainda gostava de saber o que é que a normalidade do Inverno tem de valor noticioso acrescentado, palavra de honra que gostava! Agora, o que eu acho mesmo nojento e desprezível, pardon my French, é que se faça da miséria humana e da caridadezinha para inglês ver um show de morbidez. Fazer directos dos abrigos que por estes dias frios se montam para os desvalidos da sociedade que dormem ao relento é, desculpem, uma ode ao voyeurismo cretino, é um peep show do horror a que a condição humana chega. Enoja-me!
Crianças a morrer estupidamente em Gaza (bem, crianças coitadinhas morrem todos os dias, é banal), o Governo propõe um orçamento correctivo, suplementar ou qualquer coisa do género (é o orçamento rectificativo, idiota!, e não se fala mais nisso, é banal), a Ucrânia e a Rússia não se entendem e vai de apertar o torniquete do gás e a Europa que se amanhe (e alguma vez os gigantes do Leste se vão entender?, ó que coisa banal), e já alguém se deu ao trabalho de apreciar bem, com todos os significados subreptícios, o que é ver uma foto da galeria de Presidentes norte-americanos vivos com um Barack Obama lá no meio? (e essa banalidade lá é notícia?). Sim, de facto a invernia é notícia e os pobrezinhos com frio um filão mediático. Que asco!
16 comentários:
faz como eu: deixa de ver televisão. o mundo passa logo a (aparentar) ser um lugar mais bem frequentado.
(bom olho: é realmente de karnak aquilo de que é feito o meu décor... :)
È triste mas hoje em dia só interessa , o que realmente não interessa nada...
Jokas Loira Kum kanudo :)
Boa noite!
Só agora resolvi entrar neste blog. Pelo k me apercebo, é mais um blog k vale a pena. Parabéns!
Contesto! Eu acho que os pobrezinhos e sem abrigo, mas só os que cuidam, mais ou menos, da sua higiene, também têm direito a um directo no telejornal.
Se os nossos políticos, que conseguiram uma política de rendimento garantido, suportada pela nossa infinita caridade, têm esses previlégios, porque não também os sem abrigos? Ainda por cima ficam-nos mais baratos.
Depois comove-me sempre ver pessoas embrulhadas em caixas de papelão, tiritando de frio. Apela à minha consciência Cristã e isso faz de mim uma pessoa melhor!
Realmente, a signatária protestante (de protestar, esclareça-se) tem muita razão no que diz.
As coisas que se passam lá para os lados de Israel, Gaza, sul do Líbano, Afeganistão (ui, isso fica onde?) são assim como os filmes de "cowboys" ... uns tiros e tal e não se passa nada desde que não nos toque a nós.
Gás? Onde?
Mas o nosso não vem da Argélia?
Vem?
Então, prontos.
Lá quanto ao almoço ou pequeno-almoço do Barack com os outros quatros anteriores ocupantes da Casa Branca, só é novidade pela cor da pele de Obama e por, entre nós, só se ser alguém enquanto se tem poder. Depois, passa-se a ser um ... eu ia dizer uma palavra feia mas, por respeito à autora do blogue, deixo-a subentendida!
No mais, é triste esse aproveitamento mediático?
Por acaso, é.
Mas, pergunto eu, será que aos olhos clínicos dos que lá em casa vêem aquilo algum dia os sem-abrigo foram mais que um estorvo?
É que se forem apenas e só isso, então a plebe não só acha legítimo como exige!
Como eu não tenho tempo para ver noticias, diz-me lá, já foram entrevistar os meus amigos de Bragança?
É que é sempre a mesma coisa, faz frio lá vão eles a Bragança, (onde diga-se estarem 6 e 7 graus negativos é normalissimo) perguntar se já viram tanto frio. E lá estão os Brigantinos com o ar surumbatico que lhes é caracteristico a responder que aquilo até é normal, até já tiveram mais frio.
Sei que eu nos 5 anos que lá passei a temperatura mais baixa que senti foram 16 graus negativos, por isso...Quando descer dos - 16 digam qualquer coisa, ai já é noticia...(bem entendido que é noticia de rodapé...mas é noticia)
beeijos
Plenamente de acordo! Às vezes interrogo-me se é só incompetência profissional ou se há coisas que, também uma morena (como eu) não alcança...
:)))
Pelo menos durante uns tempos não incomodam com as teorias (?) científicas do químico, aliás físico, perdão queria escrever político, Al Gore, sobre o aquecimento global.
A menina acordou mal disposta?
Frio normal para a época não é bem assim, é que a coisa está mesmo fria.
Pobrezinhos em directo, acabo por compreender, permite a certas pessoas serem entrevistadas, lá as chefes das organizações, usando os seus maravilhosos casacos de pele.
Isso de ajudar, até se ajuda, mas confortavelmente.
Nem mais, concordo em absoluto. Os Telejornais há muito que são uma espécie de Jornal do Incrível. O que é Incrível é que há uns anos atrás todos gozávamos a bandeiras despregadas com a falta de qualidade da coisa e agora entra-nos pela televisão a dentro como informação de "grande qualidade" ...
A banalização cinematográfica da morte, lembro-me quando os aviões chocaram nas Twin Towers no café onde assistia ao drama alguém falou lá do fundo:
- Só faltam as pipocas...
posto isto calo-me.
Alexandre,
Eu bem que não vejo tv, mas de vez em quando, a malta lá se liga à caixa maravilhosa e dá no que dá!
(Não é olho clínico, é só que esta Blonde tem as mesmas fotos, das mesmas colunas, em versão: Loura com seu chapéu de palhinha, encostada às colunas sob 50º de calor!)
Dante,
É mesmo isso! Não interessa nada!
Real Gana,
Benvindo!!! Uma porta sempre aberta!
Implume,
Que seria de nós sem a tua cortante ironia...?
Quinn,
Gostei dessa da "signatária protestante":) E olha, é a sociedadezinha (adoro os inhas e inhos, são tão mesquinhos, não são?) que temos. Se as pessoas ficam felizes com o show, fazer o quê?
Jo,
Quando eu escrevi o post lembrei-me precisamente disso: de os repórteres irem a Bragança (of all places) inquirir as pessoas sobre o frio! É estúpido ou não?!
mdsol,
Eu às vezes ainda desconfio do neurónio louro, tadinho, mas depois... depois acho que deve mesmo ser pequenez mental de quem gere os conselhos editoriais. É triste, não é?
Carol,
E ainda bem que não me perguntam a moi même je o que é que uma Blonde veste para o frio:)
António,
Genau!!!! Que é como quem diz: exactamente!!!!!!
Tiago,
Já sabes que eu e tu temos umas perspectivas ambientalistas um pouco divergentes, não é? :)
Fernando,
Benvindo! Uma casa ao dispor!
Eu nem diria "qualidade", isso é elevar muito a coisa. É mais "cólidade"! E sim, expressão apropriada essa do "Jornal do Incrível" mas sem incrível nenhum!
Castanhinha,
A banalização... A miséria da banalização e a banalização da miséria, nem mais, nem menos.
London,November 1995
"You are sisters, aren´t you?"
Céu limpo, um frio de rachar, camisolas de pura lã da Serra de Estrela e corações quentes...de felicidade!
(finalmente!!!´Após um serão agarrada à máquina, apenas interrompido pelas lides do jantar dos mafarricos,demonstrações de wrestling ou imitações inocentes de tarzan, cá estou eu!)
Tina!!!!!!
Abrenúncio, mulher, como é bom ver-te aqui!!!!!!
Já foi em '95?! (Acho que me vai dar uma coisinha má... valha-me São Botox!!!). Aquilo chama-se sabes o quê? O pior caso de cataratas precoces conhecido da Humanidade! E devíamos era ter respondido: "Yeah, siamese twins!!!"
Ainda tenho a minha camisola. Que tal irmos lá agora pelo 20º aniversário de tu sabes o quê? Sim, aquilo era mesmo felicidade!!!!
Asco gera-me essa vampirização do nulo e da miséria alheia, mas a verdade é que há um mérito num ponto: em dias diferentes, dois vizinhos morreram-me, por assim dizer, em dois incêndio horrorosos. Ambos evitáveis. Clamorosamente evitáveis, fossem tomadas as devidas medidas e fosse politicamente prioritário requalificar em passo acelerado a habitação urbana mais degradada, isto é, com cem a cento e cinquenta anos, repleta de madeiras e de outros inflamáveis.
A morbidez nacional mediaticamente explorada tem o paradoxal condão de instaurar um estado de alerta mais esclarecido a um povo mal habituado a invernias tão prolongadas como as que têm ocorrido.
O resto [brincar na neve, nevão aqui e nevão ali, estradas cortadas] é lixo e tenebroso vazio.
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