Entro na sala para a última aula. Vieram da Letónia, da Áustria, da Alemanha, da Polónia, da Roménia, da Itália, da República Checa, da Eslováquia, da Hungria e... do Japão:
- Estás a perceber?
- Zamo-mi Yukinori. Ay!
Um contigente nipónico tão diferente de nós ocidentais. Escrevo equações no quadro e enquanto os alunos europeus sacam das máquinas de calcular e dos telemóveis, os japoneses concentram-se no quadro, olham, baixam as cabeças de cabelo escorrido e preto e resolvem os problemas sem auxílio de maquinetas. Nunca têm dúvidas. Nunca questionam e aprendem com uma voracidade e um empenho que nunca vi em mais de uma década de ensino.
Gostei da turma.
Pouso uma resma de testes na secretária.
- Podemos confiar en ti? - Perguntam-me.
- ?! Hum?
- Fecha os olhios.
Obedeço a rir.
Depositam-me na secretária um diploma de "Professora mais fixe" e fazem-me abrir um embrulho onde descubro um anel. São na maioria arquitectos. Observam pormenores. E eu uso anéis incomuns. Um por dia.
Não sei que dizer.
Não me apetece discorrer sobre as milhentas coisas que vão mal no reino do ensino, e tão mal que vão. Fico-me aqui, a pensar que tem dias em que esta é, afinal, uma profissão surpreendente e que ele há coisas ainda tão "fixes" nas ruas da amargura em que anda o Ensino, esse com maiúscula que tão menorizado vai estando.
14 comentários:
Lindo! Um anel muito blonde :)))))))))))
Em grande, assim é que é.
Beijinhos
Quase me sinto tentado a ser novamente simpático... não devo andar bem!
Por vezes a maior recompensa é obtida na simplicidade de pequenos gestos...
Apesar de tudo, quem gosta de ensinar, continua a ter uma profissão gratificante.
Fazer formação ainda é, para mim, uma das coisas que mais me satisfaz.
OBRIGADA !!! - digo eu, aqui publicamente. Quando se transmite com naturalidade "o modo como se está", é muito bom ver alguma projecção Mas para isso, minha amiga,é preciso que o campo esteja apto, por si mesmo. As teorias, no Ensino, são coisas secas : a "alma" tem de estar intrínseca, para receber, filtrar e personalizar...
Parabéns! Ainda hei-de ver muitos mais anéis ( desses, incomuns )
bom momento.
Mmmmmmmmmmm... não queres ir mostrando os aneis? Tens toda a razão em relação aos arquitectos. Mas é um traço que tanto é encantador como perfeitamente irritante.
Sei do que falas. Não tenhas pejo de mostrar contentamento. Este teu post fala do fundamental. Por isso, com estes motivos,celebra e sente-te bem! Fico contente por ti, mas, como compreenderás, fico ainda mais contente pelos teus alunos!
beijinhos
:)))
Nasci no país errado! Devia era dar aulas no Japão!
(...mas depois das aulas apanhar um jacto para cá!)
Era eu menina, quando um dia me falaram nos países que considerava do fim do mundo, China e Japão, e me disseram que ouviria um dia falar neles na sua cultura e na sua economia em progresso.
Na altura não acreditei...!
Quanto aos estudantes japoneses, tive o gosto de os ver na Holanda, em Keukenhof, um dos belos parques de flores, em grupos enormes, com blocos de papel de desenho e lápis de cores, desenhando flores, com pormenores que passavam despercebidos a qualquer pessoa, as folhas das plantas as nervuras das pétalas, absolutamente absorvidos, enquanto, certamente um professor, lhes falava sôbre o que estavam a ver.
Parabens pela oferta Blonde.
Bom fim de semana
Maria
O anel é muito giro! Eu também adora anéis incomuns e é engraçado que também eram algo em que a pequenada (sempre atentos também) reparava sempre. É lógico que não mos ofereciam, mas certa vez fizeram um desenho meu com um anel gigante numa das mãos e ofereceram-mo. É um espectáculo!
Olá Blonde,
O reconhecimento faz muito bem ao ego. e pelos visto é justo e sincero.
Fica bem
Joy
É lindo o anel...
Na verdade a atitude, o diploma e a reciprocidade no tratamento também são lindos, mas o anel é lindo...rss....
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