16 de maio de 2018

Harburg: "O" Castelo

A Estrada Romântica não se faz só de cidades de postal ilustrado. Emolduram-na muitos e variados castelos: de encantar, assombrados e castelos, diria, draculeanos. Harburg responde a toda esta lista, especialmente num dia de brumas como este em que o visitamos. Perdem-se na mais longínqua Idade Média as origens deste castelo altivo e altaneiro e penso que o ar fascinante e misterioso que tem se deve a ter sido miraculosamente poupado dos bombardeamentos da II Guerra Mundial. Raros são os monumentos alemães que não tenham sido arrasados e que, hoje, mais não sejam do que fiéis reconstruções. Olhando cá de baixo sentimo-nos ínfimos e ligeiramente menorizados. Há ali uma aura qualquer que nos aprisiona em respeitosa contemplação.
Lá dentro, a porta levadiça, os crânios de lobo pregados nas paredes exteriores e as linhas pesadas das torres e muralhas lembram os castelos dos Senhores do Norte da Guerra dos Tronos. A imponência rude foi feita para amedrontar. Não é propriamente bonito, é carismático. Não vive da beleza mas do carácter. Vale a pena subir ao cimo do cume só para sermos transportados numa viagem atrás no tempo. É impossível que a mente não nos fuja para imagens de caçadas, cavaleiros em armadura, som de cascos no empedrado. Partidas para a guerra e regressos de batalhas.
O castelo pertence à Casa Wallerstein, uma das famílias aristocratas mais antigas da Alemanha, e, por isso, está em mãos privadas. Aliás, há ainda uma forte aristocracia neste país republicano, ou seja, nem todos os castelos e palácios foram "nacionalizados" com a instauração do regime anti-monárquico. Os duques de Oettingen-Wallerstein residem no Castelo de Wallerstein, raramente aberto ao público, e detêm também o Castelo de Baldern. Curiosamente, ao Castelo de Harburg não lhe chamam castelo. Tratam-no como individualidade por si própria e, assim, é somente "Die Harburg", "O Harburg". Isto é o que se chama ter personalidade.

1 comentário:

Cristina Torrão disse...

Não conhecia. Conheço Hamburg-Harburg, a parte da cidade a sul do rio Elba, onde, por acaso, há imensos portugueses. Mas perguntei-me onde tinhas fotografado tão grande castelo, de que nunca ouvira falar, apesar de viver há mais de 25 anos na região! Uma pesquisa no Google elucidou-me: Harburg, em Schwaben.