30 de abril de 2009

Da Parvoíce à Americana


Da última vez que fui aos Estados Unidos ainda se preenchia à mão, no avião, o malfadado "green card" que tinha as perguntas mais estúpidas que imaginar se possa: daquelas que dão mesmo vontade de responder "yes" (ó sim, eu sou uma perigosa comunista que aqui vem subverter o vosso regime capitalista selvagem e ó sim, eu sou uma espia dupla pior do que a Mata Hari).
Pensava eu que, com o novo Visa Waiver de preenchimento online a coisa tinha ficado mais civilizada e as perguntas idiotas desaparecido. Loura! Apeteceu-me responder que sim, pertenci ao Partido Nazi e fui perseguida por atrocidades de guerra cometidas até 1945 e que sim, também tenho um mandato de captura por genocídio das formigas anãs de Alguidares de Baixo.
Jesus, Mary and Joseph são tão idiotas! Tanta parvoíce para terem lá no país deles os piores criminosos e outras coisas que o politicamente correcto me impede de dizer. Valha-me o Dunkin' Donuts que disso já tenho saudades (moderadas, é preciso que se note).

29 de abril de 2009

Da Exaustão

Estou literalmente morta de cansaço. Tão exausta que não me apetece jantar, não me apetece ir dormir, não me apetece ler. Mas o interessante é que venho descomprimir para um blog, esta coisa artificial, anónima, com uma realidade intangível (se é que isto se pode dizer). Mais interessante ainda esta constatação porque acabo de escrever um artigo (parte da razão do stress e do cansaço) sobre fugas através da internet.

Estive a analisar uma comunidade de 400 pessoas que se refugiam na internet para fugir à envolvência opressiva do meio. Dou comigo a pensar na depressão que essas pessoas enfrentam diariamente ao ponto de o único escape ser virtual. Só que, nessa comunidade específica, a virtualidade transforma o dia-a-dia e os processos de socialização. Ou seja, o que para mim é entendido sob um ponto de vista insubstancial para aquelas pessoas trata-se de uma realidade. Estranho e curioso mas não sei se preocupante porque sem a internet aquela é uma comunidade autofágica e endogâmica e a internet acaba por suavizar estas características.

Enfim, eu vinha para aqui descomprimir mas ainda estão tão permeada pelo pensamento científico/académico que o post me saiu uma coisa difícil de mastigar. Hoje vai ser um sarilho para adormecer...

26 de abril de 2009

Amazing Grace

Amazing the way we build our lives. Amazing the people we let in and out. And we are the sum of those encounters that we write in chapters, some long, others consisting of only a few paragraphs. But, still, they are there, they all mean something because everybody that crosses our path means something: we just, most often, don't know what exactly.

And then, what is also amazing, is that we have the tremendous ability to write simultaneous chapters in our lives. That is fascinating, when happiness and sadness coexist and we learn from both. Amazing how we can be happy and sad in equal measure in the same moment in time.

The Present itself is an amazing instance trapping us between the Past that we know and the Future we imagine or anticipate or even fear. I used to like looking back at the Past, I don't anymore. No matter how happy I was at any given moment in the Past, I simply don't want to go through the, in my mind always painful, process of revisiting what is no longer. It's like cutting an umbilical chord: it hurts, either because it was too good and it doesn't exist anymore, we lost it, or because it was bitter and revising it causes anguish and pain.

I'm looking forward for the Future, the near Future, the immediate next weeks. In a way, in a very ironic way, the way so peculiar Life has of teaching us, I'll be somehow reliving things of my immediate Past. So ironic! Yet, different circumstances, different people, will necessarily lead to a different chapter, not a rewriting of an old, almost closed, chapter. Maybe the lines that will be written can overcome the ones already written, I don't know. Maybe...

I'll be a foreigner again. The one I've always been, here and in the country I was born. I'll be mixing with them, the foreigners, and be one of them. I'll lose my language and sense of place and I'll be happy (God, so many reasons to be happy!). The endless possibilities the Future holds, the joy of blank pages waiting to be written. I like blank pages. I live my life filling blank pages with words. I like words, I like beautiful sentences, I like punctuation marks and deciding whether to use a colon or a comma. What chapter am I writing now? What will I write in it? How will I fill its pages? This is the anticipation, the amazing anticipation before the Unknown, the yet unlived.

Surpreendente também que uns fiquem nas mesmas páginas, reescrevendo parágrafos e capítulos em circunvoluções e que outros virem páginas e acrescentem a Novidade da Vida. Que entediante seria se a Vida não fosse escrita mas reescrita... e reescrita outra vez... e outra...

23 de abril de 2009

No Dia do Livro...


Outro Dia de... numa semana pródiga em Dias de... e eu nem gosto muito de Dias de... Porém, um dia dedicado aos livros, para quem vive, acorda e dorme com eles na cama no mais literal dos termos, acaba por ser um dia simpático.

Recolho esta frase do Gabriel García Márquez:
"Florentino Ariza esquecia-se sempre, e quando menos devia, que as mulheres pensam mais no sentido oculto das perguntas que nas perguntas em si". O livro: O Amor nos Tempos de Cólera.

Nem sei porquê a frase, nem sei porque a escolho como frase deste livro, para além da constatação da tortuosidade do pensamento feminino. E nem sequer poderia escolher este romance como um dos meus all time favourites. Mas o modo como este livro me veio parar às mãos é um pormenor tão delicioso, uma linha tão bem escrita no romance maior que é a vida de uma Blonde que o conto neste dia.

- Ó Dona X anda a ler este livro? Eu quis ir ver o filme mas não tive tempo e nunca li o livro. Está a gostar?
- Ai sim, Sra. Professora, é lindo.
- Então não me diga nada que pode ser que eu um dia o leia.
Esta tirada passada lá na universidade com a funcionária do bloco de aulas.

Semanas mais tarde, a Dona X aparece-me com o livro e entrega-mo.
- Ó Dona X mas eu vou levar muito tempo a lê-lo. Fique lá com ele que senão eu vou levar uma eternidade a devolvê-lo.
- Não Sra. Professora, pode levá-lo e fique com ele.
- Ficar com ele, Dona X?
- Sim, Professora. A minha filha deu-mo no Natal. Eu já o li e já sei a história, já não preciso dele.

É ou não deliciosa esta linha no outro e grande livro? E não é irónica e sábia?

Ah, e neste dia também gostei que, finalmente, a educação em Portugal passe para doze anos. Sinto-me como se o 25 de Abril se tivesse concluído hoje.

22 de abril de 2009

No Dia da Terra...

Não gosto de Dias de... Nem do 25 de Abril, nem do Dia Sem Carros e muito menos do Dia da Mulher. Logo, não ligo ao Dia da Terra. Os Dias de... lembram-nos a patetice de só nos lembrarmos porque alguém nos lembra, redundante, circular e paradoxal, não?

Desconfio que muito do que nos dizem os fundamentalistas ambientais não está consubstanciado em verdadeiras pesquisas científicas. Mostrem-me cabalmente que o aquecimento global se faz sentir, ponto número 1, e, em caso afirmativo, que tal é resultado da actividade humana sobre o planeta, ponto número 2.

Agora, não deveria ser necessário haver um Dia da Terra para nos lembrar da seriedade da deflorestação agressiva, da extinção de espécies ou da poluição dos oceanos. E também não deveria ser necessário um Dia da Terra para nos incutir a adopção de hábitos salutares de civilidade ecológica. Ainda me lembro de ir ao hipermercado com os saquinhos de pano que trazia lá da Alemanha e me verem como a loura bimba metida a ecológica. Agora já vai sendo cool. Cool! Nem deveria ser necessário um Dia da Terra para se divulgarem estudos de mau-gosto que referem ser os obesos mais responsáveis pelo aquecimento global do que os magros dada a evidência lógica de que necessitam mais alimentos e mais alimentos significam mais poluição em transporte, pesticidas e etcs. (daqui 1,70m a 50 kgs já deve dar para a protecção ambiental, não?), francamente!

E depois lá vem a frase gasta e exaurida de que devemos cuidar do planeta que vamos legar aos nossos filhos. Para já alguns de nós não têm filhos e vão legar o planeta aos filhos dos outros, mas tudo bem, não nos chateamos. O que interessa é que a frase já está feita há eões de tempo e já era usada na geração que nos precedeu, afinal somos filhos de alguém também, e o que é que a frase tem contribuído para a resolução dos problemas de poluição e desgaste de recursos que provocamos? Pois...

Mas sim, se gastarmos esta Terra não temos para onde ir, pelo menos não num futuro próximo pré-ficção científica. Eu conto ir ficando por aqui...

21 de abril de 2009

Entrevista a José Sócrates

Não é que eu tivesse curiosidade, mas faz parte daquela suposição, ou imposição, de estarmos a par do que se passa de presumivelmente importante no nosso país. E, claro, ouvir o que o nosso dirigente máximo tem a dizer deveria suscitar o nosso interesse. Sucumbi, portanto, e decidi ouvir a entrevista. Ou tentei. E tentei genuinamente.

Como não percebo nada de análise política, porque uma Blonde a fazer análise política cai nos estereótipos da bimba, porque nem sei que análise política se possa fazer na aridez das ideias, limitei-me a ouvir a entrevista numa perspectiva linguística e pseudo-semiótica. E o que me deu a entender é que a política ao mais alto nível se pessoaliza. Ou porque o PM não sabe a quem se dirigem as palavras mais acres do Presidente da República, ou porque não sabe a que propósito surgem certas questões, ou porque é citado de modo descontextualizado, ou porque os entrevistadores não sabem colocar perguntas. Para além da defesa onde está a política?

Sim, o PM diz que tem discordado do Presidente em diversas circunstâncias, nomeadamente no tocante à Lei do Divórcio e à questão da paridade. O que é que isto tem a ver com seja o que for? Certo, há discordância, ok. Eu também posso não concordar e, como alguém apanhada na nova Lei do Divórcio ainda gostava de saber onde estão as vantagens para quem segue a via litigiosa (uma lei que elimina culpas e que mantém um processo de dissolução matrimonial em sessões de julgamento não é uma lei que facilite a vida ao desgraçado que não queira continuar casado e que até responsabiliza a outra parte por claras e gritantes violações dos deveres conjugais). E uma Lei da Paridade é daquelas coisas hediondamente chamadas discriminação positiva, logo discriminação, que ofuscam os genuínos méritos. Mas nada disso interessa agora.

E, à laia de clímax, arrepiam-me até à medula declarações como "o que os cidadãos esperam das lideranças políticas é que as guiem e as conduzam" (pode estar descontextualizado mas isto foi afirmado). Talvez pela minha ascendência germânica, mas lembro-me sempre que em Alemão existe um verbo "führen" de que procede um substantivo, agora maldito, "Führer", guia, condutor. Eu como cidadã não espero que me conduzam. Inversamente, espero das lideranças políticas soluções para problemas partilhados no plano social, espero ideias de progresso, leis que garantam liberdades e garantias cívicas, representação. Condução não.

Algures a meio da entrevista achei que já tinha tentado o suficiente, peguei num CD e fui tomar duche ao som de música. You see, há coisas que percebo melhor do que outras. Gostei, no entanto, da atitude da Judite de Sousa numa certa pose teatralizada de nonchalance. Pode não ser loura como uma Blonde, mas honrou as louras.

20 de abril de 2009

Nós, Europeus?

Este Sábado passado dou comigo à saída de Beja a olhar para um dos outdoors da pré-campanha para o Parlamento Europeu. Simplesmente: "Nós Europeus". E penso:
"O que é que isto interessa para quem vive em Cuba, Alentejo?"

Por deveres profissionais (muito interessantes, por sinal) ando em itinerância por este país que tanto desconheço. No Sábado confronto-me com um interior profundo para lá de ostracizado e muito além de desertificado, envelhecido e negligenciado pela administração central. Lembro-me de um dos textos de Sul do Miguel Sousa Tavares, "Alentejo: Sobre uma Paisagem de Ruínas", de 1997 e confirmo que nada se alterou - o Alentejo é uma paisagem de ruínas, de abandonos, de carências. Como é que os nossos governantes não percebem isso ou, se percebem, porque é que nada muda?

Como é que se pode desejar que gente marginalizada, debatendo-se com problemas de sobrevivência quotidiana (quando uma Câmara e uma escola são os grandes empregadores de um região algo está muito mal) vá votar para eleger deputados que vão trabalhar a milhares de quilómetros de distância? Como é que se pode cativar esta gente para partidarismos e políticas que nada lhes dizem? Como é que nos podemos admirar com os índices previstos de abstenção?

Saí do Alentejo envergonhada com um país em que o analfabetismo ainda não tem valor residual e com um profundo sentimento de empatia ou de pena, nem sei bem verbalizar, por aquela gente sem horizontes, sem perspectivas. Pior do que isso, senti-me como a turista que sou tantas vezes no Magreb: a visitante temporária proveniente de um mundo desenvolvido que olha para tudo com curiosidade e espanto, advindos da supremacia colonialista europeia, e não gosto desta sensação dentro do país que adoptei mas que teima em não me adoptar.

16 de abril de 2009

No Dia Mundial da Voz....

A Blonde ficou sem pio (que tanta falta lhe faz) à conta de uma gripe miserável que a deixa ainda mais miserável. Afonia e dores de garganta, how ironic...
E descobriu que uma voz vale mais de mil palavras, just check it out.

15 de abril de 2009

Gran Torino

E eis que, pela primeiríssima vez, vi um filme de e com Clint Eastwood. Era uma ideia feita que não gostava nem dos filmes nem do actor e, por isso, nunca me dei ao trabalho de ver nada. É a tal história ridícula das nossas pequenas embirrações irracionais. Esta era uma delas.
E agora vejo-me na contingência de ser redundante e parafrasear tudo o que se tem dito em abono de "Gran Torino". Nem foi bem a história em si, o veterano empedernido que vê serem alteradas muitas das suas ideias pré-concebidas num processo de dolorosas descobertas após vários incidentes traumáticos. Até aí nada de transcendente. Mas os diálogos...
A facilidade com que escorre pelo filme toda aquela linguagem quotidiana ilustrativa da América das grandes clivagens étnicas. E a naturalidade é tal que nada daquilo nos choca ou violenta. Fabuloso como se chama "spooks" aos afro-americanos e, dentro do diálogo, aparece o "comic relief" linguístico numa situação perturbadora: a miúda hmong a ser molestada pelos membros de um gang afro-americano.
E que dizer de expressões como "man up"? Enfim, um deleite, um festival de linguagem do melhor que tenho ouvido em filmes americanos. Só por isso até ia ver o filme outra vez (e de olhos fechados só para beber os diálogos).
Fabulastic!

13 de abril de 2009

Os profs. universitários ganham demais?!

Esta pergunta acabei de ouvir ser colocada no Jornal 2 ao Ministro Mariano Gago:

- Não acha que os professores universitários ganham demais?

Fiquei mais siderada e parva do que o meu estado normal e natural de estupidificação crónica! Apetece-me inverter a coisa e perguntar:

- Os jornalistas da RTP não ganham demais?

Acho que sim, incutam aí na opinião pública que nós, com os nossos Ferraris, motoristas, todos os tipos de benesses sociais e profissionais, estamos ao nível dos gestores e administradores públicos. E sim, exponham-nos como outra classe de bodes expiatórios para a crise.
Apesar do que possa ou não concordar, gostei da fleuma da resposta do Ministro.

Apfelstrudel Blonde style


Vamos lá dar uso à costela alemã da Blonde e partilhar uma receitita super-Primavera que esta amiga faz pela Páscoa.
Apfelstrudel à moda da Blonde
Ingredientes:
1 embalagem de massa folhada (a massa à alemã leva banha e a Blonde não ingere esse tipo de gorduras)
1 banana
2 ou 3 maçãs médias
passas sultanas (a olho)
miolo de noz (a olho)
açucar (a olho, a Blonde usa Demerara ou mascavado)
canela (a olho, pois claro!)
Estender a massa folhada (que até já vem toda preparadinha). Partir a banana às rodelas e espalhar sobre a massa. Partir as maçãs em pedacinhos e também espalhar sobre a massa. Depois polvilhar com as passas, as nozes grosseiramente moídas, o açucar e canela a gosto. Enrolar a massa como se fosse uma torta e fechar bem dos lados. Levar ao forno num tabuleiro forrado com papel vegetal. Depois de cozido o Strudel polvilhar com canela e açucar em pó. Et voilá!
Acompanhar com gelado de baunilha ou chantilly. A Blonde prefere acompanhar com um café bem forte com um fio de leite condensado. Hmm... Lecker!

9 de abril de 2009

Morte e Ressurreição


... E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.
Também estou no limbo que aguarda a ressurreição. Creio na ressurreição.
Boa Páscoa!

7 de abril de 2009

A propósito do terramoto em Itália



Sempre que há um sismo qualquer num sítio qualquer, mais ou menos longe deste país, logo se levantam os coros que antecipam a possibilidade de outro terramoto de grande magnitude atingir Portugal. Mas, depois do susto, regressa a acalmia e ninguém mais fala de catástrofes iminentes e hipotéticas e a vida segue tranquila.

Agora, a propósito do sismo que atingiu a Itália, lá vêm os especialistas, os entendidos, os engenheiros, as autoridades civis dar palpites quanto à nossa situação e ao nosso grau de preparação para a eventualidade da tragédia. Até aí nada de novo. Mas, ontem, no Jornal da Noite da RTP2 ouvi algo que me deixou tonta na perplexidade e, sim, razoavelmente preocupada para temer a repetição de uma calamidade estilo 1755. Vem um especialista do LNEC explicar que em Portugal não temos razões para grandes temores porque a Europa tem uma excelente estrutura de apoio aos países que enfrentam calamidades e o exemplo é que a Grécia já terá enviado helicópteros para Itália e coisas desse género.

É impressão minha ou afirmações destas são motivo para nos preocuparmos? Explico. Que me vale a mim um helicóptero grego se eu estiver sob os escombros de um edifício que desabou sobre a minha triste pessoa? Então só pensamos no cenário pós-catástrofe? E a prevenção? Sim, que aquele simulacro de sismo em Novembro foi útil para verificarmos que as ondas sísmicas de um terramoto com epicentro algures em Alcochete levam 12 horas a atingir Lisboa.

- Allô, allô, daqui comando em Alcochete avisando que daqui a 12 horas um sismo de magnitude 6.4 vai atingir a capital. Estejam à espera e preparados que nós estamos aqui a enterrar os mortos e a acudir aos vivos!

Gosto sempre de ouvir especialistas...

6 de abril de 2009

Trauma de fim-de-semana



Confesso a minha ignorância suprema no tocante à vida de Che Guevara que, para mim, não passa de uma figura icónica que se vende em barda nestes nossos tempos de cultura pop globalizada. Sempre tive pouca pachorra para as personagens idealistas, rebeldes de causas, muitas vezes, perdidas, guerrilheiros solitários contra o mundo e o status quo. Parto do pressuposto, suponho que errado, de que se trata de pessoas que, tomando ferreamente os seus ideais, se tornam fundamentalistas e é a univocidade dos fundamentalismos que me perturba, irrita e me cria preconceitos que são, por sua vez, pensamentos enviesados, eu sei.

Isto tudo para dizer que, à falta de melhor, lá dei uma de intelectual que quer saber umas coisas e fui ver a última cinebiografia de Che Guevara. Soderbergh até é um realizador capaz e o Benício del Toro um excelente actor. Pois... Saí da sala com uma sensação de desperdício: desperdício de tempo, desperdício de guião, desperdício de interpretação e, sobretudo, desperdício de vida, no caso da do próprio Che. Fiquei com os mesmos preconceitos com que entrei, a mesma ideia de que os fundamentalismos são causas fracassadas e de que os guerrilheiros sós contra o mundo são figuras de dó na sua pouca maleabilidade de visão e de entendimento.

Sinceramente? Há muito tempo que um filme não me era tão desagradável.

1 de abril de 2009

A Vida em Primavera



Hoje disseram-me a frase mais importante dos últimos tempos, uma daquelas que quando ouvidas nos deixam na perplexidade de constatarmos como a simplicidade, tantas vezes, é o meio mais complicado e, paradoxalmente mais, fácil, porque lúcido, de transmitir grandes verdades sobre nós próprios.

- Blonde, o teu Inverno acabou! Na Primavera que chega, chega também a tua Primavera. O Inverno acabou. Virão ainda dias de borrasca, como sempre na Primavera, mas o Inverno já passou.

Tão simples o pensamento. Quero acreditar que sim. E, estranhamente, confio que sim...