31 de agosto de 2014

Antes e Depois: Candeeiro







Todos os Verões acabo de pincel e tintas na mão e vou pintando: portas, janelas e coisas que tais. Este ano deu-me para resgatar tralhas da garagem. Uma delas foi este candeeiro antigo da minha Avó Ária. Uma demão de primário, três de tinta e uma de acabamento depois e pode ir arranjar um novo local para viver.

25 de agosto de 2014

Richard Attenborough, 1923-2014

Dear Lord Attenborough,

There are days of dread when looming horizons forecast the dawning of a future of irretrievable losses. This is one of them. My heart sank on hearing about your departure, more so because it is a clarion call to another loss with which I will one day need to come to terms: that of your brother David.

My thoughts on this day go out to Sir David and to the remembrance of what your career instilled in mine and in my formative years. I thank you as I once had the opportunity of thanking your brother for all he means in my life.

Short for words as I am, let me just tell you how watching "Ghandi" and "Cry Freedom" helped carve my academic and intellectual path towards imperial studies. I know for a fact how those movies have also inspired some of my students into writing their dissertations. From within academe, I am sure that, albeit the angle one chooses to look at it, today, all of us who study Empire are grateful for your having recreated on screen what we struggle to bring to life in the long dead and lifeless pages of archives. Your images and layer upon layer of the plight of the oppressed have reached millions through an industry available to the masses: entertainment. Our gratitude to your work cannot go out in silence. Not today.

You once said you wished to be remembered as a storyteller. I will remember you as the storyteller of a part of History I study, a storyteller who also happens to be the sibling of my most respected and impacting intellectual influence, David Attenborough.

Thank you.

                                                             Gratefully yours,
                                                                       I.T-S.
RIP

23 de agosto de 2014

Doce de maçã 2014

E como me deram quilos e quilos de maçãs (granny smiths, starkings, riscadinhas), não tive outro remédio que não fosse fazer panelões de doce. Este ano usei um método um pouco diferente e... ficou delicioso.

Ingredientes:
2kgs de maçãs
1kg de açúcar louro
Canela em pó a gosto
Noz moscada em pó a gosto
Casca de um limão (só o vidrado)

Descaroçar as maçãs e cortá-las em quartos. Cozê-las em um pouco de água (o suficiente para cobrir o fundo da panela). Depois de as maçãs estarem cozidas, escorrê-las num escorredor de rede até não sair nenhum líquido (eu deixei de um dia para o outro). Para se fazer o doce, passar a varinha mágica pelas maçãs cozidas a fazer puré. Juntar o açúcar, a casca de limão e as especiarias e envolver. Levar ao lume até fazer ponto de estrada, mexendo de vez em quando para não pegar.

22 de agosto de 2014

Pão de orégãos e tomate seco

Há seis anos, a Mudança fez-me descobrir a cozinha, não a divisão da casa onde eu ia por obrigação, mas a cozinha coração da Casa, um espaço onde, afinal, eu podia passar tempo de qualidade e descontracção. Aprendi imenso, experimentei muito, falhei bastante e este blog foi testemunha das proezas (que me espantavam mais do que consigo verbalizar) e dos desaires. Depois, quando eu lhe começava a ganhar o hábito vieram novos desafios profissionais e os tachos e panelas retomaram o seu lugar nas prateleiras só de lá saindo para o comezinho do quotidiano, vulgo o que quer que seja de rápido e extra-mega-fácil. Hoje não foi assim. E comecei com este pão de orégãos e tomate seco que me lembrou como é bom ter tempo na cozinha e ma encheu de um aroma Mediterrânico e ensolarado.
Fiz na máquina do pão.
Ingredientes:
300ml de água
50ml de azeite
1 dente de alho muito picadinho
50 grs de farinha de milho
100 grs de farinha integral com cereais
350grs de farinha de trigo
1 bom punhado de orégãos
1/2 saqueta de fermento
100grs de tomate seco cortado em pedaços

No recipiente da máquina colocar todos os ingredientes pela ordem indicada. Ao sinal sonoro depois da primeira amassadura acrescentar o tomate seco. Deixar a máquina fazer a sua magia... Ficou tão bom que até me custa crer que fui eu que fiz.

(Não uso sal, mas usando é colocado na ordem indicada pelo fabricante da máquina).

21 de agosto de 2014

Na terra da abundância

Foi só eu chegar de férias e os vizinhos verem os estores abertos. Cheguei para um frigorífico vazio e, de repente: ovos, tomates, pimentos, abrunhos, maçãs de várias espécies e até um molho de orégãos. Tudo biológico. Tudo aqui das hortas e dos montes. Entretanto já fiz pão de tomate seco (com tomate que me deram o ano passado e que eu sequei) e tenho um panelão ao lume a fazer doce de maçã. E é (também) por isto que eu não largo este meu Campo.

19 de agosto de 2014

Senhora dos Anéis

Não é por as hand-selfies estarem na moda. Apeteceu-me por uma carrada de razões.

É antigo.
É simbólico.
É meu.
E é-me Eu.

16 de agosto de 2014

Há três férias

Se eu morrer hoje, há três férias que levo com maior carinho na memória:
Zlatni Rat vista de Vidova Gora.
Brac em 2014 (as férias deste ano);
Loch Eribol, Escócia.
Escócia (e alguma Inglaterra mítica) em 2011, umas férias que começaram numa travessia de ferry em Bilbao e acabaram numa travessia de ferry em Calais;
Planície alentejana vista de Alter Pedroso.
 Um canto de Alentejo em 2009 (o ano em que eu descobri, em duas férias diferentes) que existe um pedaço de mundo chamado Alentejo.

Engraçado, ao pensar nas melhores férias da minha vida constato que todas sucederam pós-2008 e que todas foram passadas aqui neste Velho continente. Sobretudo, dou-me conta de que não é o exotismo da lonjura ou a exclusividade do sítio que importam: é o modo mental e emocional em que nos encontramos que nos levam a beber o melhor das viagens.
Na dor da morte da Mãe, na prisão do meu não-casamento levei-me em viagens Equador abaixo, Equador acima, meridianos para a esquerda, meridianos para a direita, fusos de horas a mais e fusos de horas a menos. Calcorreei desertos e palmilhei os lugares que os olhos viam no National Geographic e no Discovery Channel, mergulhei entre corais até me quase afogar e esquiei encostas de nevoeiro até quase me matar nas escarpas. Vivi. Persegui o David Attenborough (que ainda persigo e perseguirei até morrer), fiquei nos melhores resorts que o dinheiro pode comprar e rapidamente esgotei as viagens de sonho com que todos fantasiamos acordados. Achei-me privilegiada por poder concretizar essas viagens todas e pensei que isso era felicidade. Ainda me acho uma privilegiada e dou graças por isso. Mas o meu capítulo de vida é outro e, por vezes, pouco me reconheço na pessoa que viveu os meus capítulos passados.
Um lago perdido nas brumas escocesas, um pedaço alentejano com 40º à sombra ou uma ilha na Dalmácia com um dos melhores pôr-de-sol do mundo fazem-me feliz por ser: por ser eu que ali estou, naquele momento e naquelas circunstâncias. Agradeço a Deus, ou a qualquer Transcendência, por ter chegado Aqui, a este capítulo e, sobretudo, agradeço a lucidez de saber apreciar a felicidade do momento.
Não sei ainda onde irei de férias para o ano. Penso em Corfu, penso em repetir Brac e há ainda as Galápagos mas penso que, se esta pessoa e esta capacidade de fruição de instantes perdurar, não importa onde irei porque a felicidade estará lá à minha espera.
Às instâncias que se sobrepõem a mim e me permitem este Aqui: obrigada...

15 de agosto de 2014

Dia 9: Tem mesmo de ser?

Qualquer paraíso tem os dias contados. É a vida e o regresso. Meto na bagagem as saudades de tornar aqui e desfaço o caminho: a estrada, o ferry, os três aeroportos, a Casa...

14 de agosto de 2014

Dia 8: Esta água

A água... Ai a água...
É descobrir praiínhas escondidas e só sair da água no limite do encarquilhamento e depois de o sol se pôr. Vou ter saudades...

13 de agosto de 2014

Dia 7: Praia

E ei-la, a praia que eu desconhecia e vi numa revista em Fevereiro. Nesse instante, tive a certeza de que para aqui viria veranear. E assim foi. E assim é. É tão bonita como na revista. E eu, que pensava para o ano ir para Corfu, não me importaria nada de repetir este destino.
Agora é mesmo "praiar" até ao final das férias...

12 de agosto de 2014

Dia 6: Para mulas e Blondes

O turista é bem avisado: há locais somente acessíveis a pé ou de mula. O carro fica a vários quilómetros e o resto é caminho de cabras (ou burros ou mulas) até mosteiros e ermitérios escavados na rocha ou aldeias perdidas de tudo. E nada de estranhar se bezerrinhos simpáticos nos saltam ao caminho. Faz parte.
Os caminhos são íngremes. A gravilha é áspera e grossa das pedras duras de uma ilha que as exporta para o mundo inteiro (e com as quais se construiu a Casa Branca, a tal de Washington DC). E, claro, há Blondes que só têm dois pares de ténis: um para ir para o ginásio, outro para estar no ginásio, e que se recusam ter calçado e roupa para trekking. Aventuremo-nos, pois, com roupinha e sapatinhos veraneantes fashionistas pelos trilhos da ilha.
No final, as vistas e a experiência mais do que compensam a dificuldade dos caminhos e o pó nas ferragens das sandálias.

11 de agosto de 2014

Dia 5: Super Lua aqui na Ilha

A Super Lua vista aqui na ilha. Os pés dentro da água plácida na praia mais bonita (para mim, de facto, uma das praias mais bonitas em que já estive). Há coisas na vida por que estar grata. O privilégio de estar neste cenário, neste dia é uma delas.
E aqui a Super Lua já bem alta quando se sai da praia de coração cheio e olhos felizes.

10 de agosto de 2014

Dia 4: BBC Vida Selvagem

E ao quarto dia o encontro com a vida selvagem. Tal David Attenborough, há que percorrer florestas e penedos bravios e apreciar a fauna e flora autóctones: aranhas king size por todo o lado (mesmo todo o lado) e a espécie nativa de pinho, pinus negris, em extinção mas preservada no parque natural da ilha. E claro, a continuação do limite vertical com estradas a pique em zig-zag acentuado. Basicamente é rezar para que haja travões e que não venha ninguém em sentido contrário:
- If you ask me, I voudn't do dzis road tomorrow!

9 de agosto de 2014

Dia 3: nas Alturas

E se, de repente, em plena montanha, ouvir música coral religiosa isso é Radio Marija, a rádio com missa à hora certa, terço e sabe Deus que mais, que a língua e os nervos da altura não deixam perceber a coisa. Pois... nervos... altura... muitas vertigens e o pensamento nas ravinas. Providencial uma Radio Marija quando se entrega a alma ao Criador no medo de cair por estradas em que não passam dois carros em sentido contrário, onde não há rails de protecção e o abismo é vertical. Só que, de quando em vez, por entre a altura, um presépio e tudo se conjuga entre o medo profano e a graça divina. Bendito o que se encontra nas Alturas. Ámen!


8 de agosto de 2014

Dia 2: Meia ilha feita

Deve ser a ilha com menos stress onde já estive. Ó, vida pacata e lenta... (tudo o que uma Blonde hiper-activa deseja nas férias).
Metade da ilha já está percorrida, o que não é difícil porque só há três estradas principais, meia dúzia de caminhos de terra batida e o resto é intransitável até para burro.
E, como o corpo descansa mas o cérebro pensa mais além, para o ano ainda vou para Corfu!

7 de agosto de 2014

Dia 1: Azul e Verde

As férias da minha infância sempre tiveram azul e verde e eram sempre ao Sul. Desses tempos só felicidade e daí que a Bacia do Mediterrâneo me seja férias em estado puro-nostálgico e feliz. Nunca aqui fui infeliz mesmo quando ia morrendo no Egipto, mesmo quando fui a Rodes e decidi que no regresso me divorciaria. Feliz, sempre.
O Mar Adriático, como o Mar Egeu, é um braço do Mediterrâneo mas se eu já fui vezes incontáveis ao Egeu, o Adriático é uma descoberta nova. Nova mas familiar: o maquis por toda a parte e o cheiro a pinho e a arbustos rasteiros, o som omnipresente das cigarras, turquesa e verde.
Há plantas que eu desconhecia (e que nem nunca vi nos livros do Attenborough) e montanhas de rocha agreste, a pedra de que se fazem todas as casas aqui e que os Romanos levaram por todo o império.
E no meio de tanto verde e azul, até o Rodinhas de serviço diz com o ambiente envolvente:)
Ah, claro, e falar Alemão todos os dias acrescenta uma certa dose extra de nostalgia à coisa.

5 de agosto de 2014

No "quase" fim do mundo


Dois voos, uma travessia de ferry e várias subidas e descidas de montanha e eis a vista do quartel-general para os próximos dias:
Pois... continua a ser talvez o meu canto de mundo favorito (graças ao Gerard Durrell e ao David Attenborough, who else?)

3 de agosto de 2014

Fazer as malas

Já falta pouco, tão pouco que a "querida" da TAP já me fez saber que o meu voo vai agora ser assegurado por uma companhia de marca branca (Air White, literalmente). Nem me ralo, desde que não sobrem peças a cair sabe Deus onde, por mim é-me igual. O que me importa é que vão ser as primeiras férias em seis anos em que parto sabendo que ao regressar não tenho tribunais, nem advogados, nem processos a pacientar na justiça, nem divórcio por sanar, nem a liberdade pela metade. É isso, parto na liberdade e é na liberdade que regressarei. Só quem se viu privado de liberdades e garantias poderá fazer ideia de como me sinto ou de como iniciáticas serão estas férias.
Seja a Air White e depois um outro voo já nem sei em que companhia e depois um ferryboat e depois trinta e tal quilómetros por estradas de abismos e montanhas. Seja isso tudo que me leve ao fim do mundo, que nem é tanto fim do mundo assim, mas um local fora do beaten track para quem vive neste pedaço de Ocidente. A liberdade nunca me soube tão bem...