Depois de vários anos a viajar sem intermediação de agências, este ano em que profissionalmente me desgastei como nunca, preciso de entrar numa espécie de retiro do mundo e de tudo. Desligar. Estiar. Como o Mediterrâneo sempre me foi amigo e abrigo, escolho a Sardenha. Bem sei que é infestada de turistas, por isso na agência que vai tratar deste escape, pois nem força tenho para planear as férias e dou de bandeja que mas tracem e mas dêem prontas a consumir, o pré-requisito é explícito: não quero proximidade à Costa Smeralda, não quero enxames de turistas à volta. Quero paz e sossego.
A agência que contrato só trabalha com viagens à medida por isso a escolhi e, por isso, a certeza de que estará à altura. Encontram-me um local fantástico numa zona menos descoberta da Sardenha. Nunca ouvi o nome Alghero na vida, nem sabia que aí havia um aeroporto. Há. Só deve receber meia dúzia de voos por dia. É longe de Cagliari, a capital da Sardenha. Longe da Costa Smeralda, o íman de turistas na Sardenha. O hotel onde vou ficar nem sequer é em Alghero. Perco-me e é mesmo isso que desejo. Sardenha,aqui vou eu!
21 de agosto de 2019
17 de agosto de 2019
Córsega-Sardenha
Por muito mundo que eu corra, há sempre um chamamento que não sei como nasceu mas que sei de onde vem. Chama-se Mediterrâneo. Talvez que me tenha sido incutido pelo David Attenborough e pela sua série que mais me marcou a adolescência e se chama "O Primeiro Éden: O Mundo Mediterrânico e o Homem"ou talvez tenha nascido nos Verões com cheiro a pinho no Algarve da minha infância, dias longos e felizes passados com a minha família luso-alemã. Não sei, só sei que Mediterrâneo me é irresistível e, embora o Algarve não seja mediterrânico, o cheiro é e o cheiro é um poderoso criador de memórias. Sempre fui feliz no Mediterrâneo, esse mar quase sem vento e sem marés. Qualquer das orlas, sul, norte, este, oeste me são favoritas. Este ano vou conhecer mais um destino neste Mare Nostrum. Acho piada ao sobrevoo entre a Córsega e a Sardenha, o motor do avião, que me está na mira de visão, a fazer a divisória entre estas ilhas do Mediterrâneo ocidental. Vou para um delas. Talvez para o ano, ou em breve, vá à outra. Já estou feliz e ainda não aterrei. Primeiro vou a Roma fazer um transbordo e já regresso aqui.
14 de agosto de 2019
Já não há Tejo
Sobrevoo a planície da várzea ribatejana e vejo um risco serpenteante cor de areia onde deveria estar um fio azul líquido. De Santarém para cima o Tejo secou. A constatação entristece-me na mesma medida em que me surpreende e me zanga. Serei só eu a notar este desastre? O que é que andamos a fazer e como vamos viver neste cenário de devastação?
10 de agosto de 2019
7 de agosto de 2019
Mudança de vida
Sem que nada o desse a entender, esta estação de comboios, numa Baixa lisboeta que nunca frequento, nem mesmo me são sítios próximos as estações de comboio, mudou-me a vida há exactamente dez anos. Nunca mais nada foi igual. A própria Lisboa não era igual a esta, tão sobrelotada.
A cor da noite caíra sobre o céu, o relógio da Estação do Rossio marcava as 21.30. A vida aconteceu e acontece desde aí...
A cor da noite caíra sobre o céu, o relógio da Estação do Rossio marcava as 21.30. A vida aconteceu e acontece desde aí...
3 de agosto de 2019
Acordar com Atlântico
Pensei acordar num atlântico inundado de sol e azul. Acordei entre brumas e cinzentos. Fixei-me na beleza selvagem e nórdica que a palidez das cores evoca. A meio do Norte, este Atlântico é tão vasto, profundo e misterioso que me lembra paisagens muito mais setentrionais e frias. Depois há o vento, essa presença aqui denominada nortada, o vento que nos refresca as noites, tão diferentes das do domesticado Mediterrâneo. Aliás, comparo sempre estas duas massas de água na lembrança de que uma é um oceano, a outra um mar e só isso faz toda a diferença.
Abro a portada e inspiro a brisa salina que me desalinha os cabelos e cuja frescura considero fria na contacto com o corpo. Podia ter acordado num belo dia de sol azul mas este cinza também tem o seu encanto.
Abro a portada e inspiro a brisa salina que me desalinha os cabelos e cuja frescura considero fria na contacto com o corpo. Podia ter acordado num belo dia de sol azul mas este cinza também tem o seu encanto.
31 de julho de 2019
Ir ao Teatro
Já não ia a espectáculos no teatro Nacional D. Maria II há anos. No entrementes, já tenho usado o café do foyer como ponto de encontros (às vezes desencontros, pois já calhou marcar qualquer coisa lá e estar fechado). Fui agora, num destes Domingos de sol e Lisboa infestada de turistas. Não sei porquê senti-me um misto entre indígena lusa e estrangeira alemã. Tem dias assim quando se vive na hibridez. Acho que foi dos turistas todos, ou de o espectáculo estar legendado, ou de eu ter ido no carro a ouvir música alemã. Foi o que quer que fosse.
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