31 de agosto de 2011

E Agosto sai molhado

De facto, foi um Agosto estranho: trabalhei na cidade de férias, dormi com cobertor e edredão e chovia acanhadamente nos entretantos. Tudo muito esquisito. Aqui no meu campo cheira a terra molhada e o Spotty enfastia-se com os pingos que pegaram de tarde e ainda continuam. Rega-me a relva esta chuva e dá-me saudades de Verão. Acho que talvez agora só para o ano.

30 de agosto de 2011

Deram-me isto...


Uma bela de uma senhora abóbora que parece que é menina. E agora Dona Blonde que se amanhe a abrir uma coisa destas. Vai ser giro, vai... Enfim, as delícias da vida no campo.

29 de agosto de 2011

Mais leitura de Verão

Recomecei a ler as Notes from a Small Island do Bill Bryson e nunca me fizeram tanto sentido. Dou por mim de caneta e marcador na mão a sublinhar e comentar o livro e as passagens dos sítios por onde ele andou e por onde eu já andei também.
Adoro a escrita dele. Quando fui à Austrália, o livro que li no avião foi o Down Under. De outra vez, em Creta, li o Neither Here nor There, que continuo a achar o seu melhor livro de viagens e que é o seu périplo pela Europa (adoro, sobretudo, a parte alemã no que tem de irresistivelmente cómico). Na cama em Casa li o Mother Tongue que, não sendo um livro de viagens, acaba por ser a grande viagem da diáspora da língua inglesa pela História e pelo mundo. E comprei agora o mais recente, At Home, uma viagem pelos utensílios e coisas que têm feito o quotidiano da vida humana. Ou seja, basicamente tudo o que ele escreve eu adoro devorar.
Não sei porquê, mas há algo na escrita de viagens em Inglês que empresta a este género literário um carácter especial que não encontro em mais nenhuma literatura de viagens noutras línguas. E gosto, sobretudo, de quem escreve a viagem de forma despretenciosa, como um hábito e não como um luxo na arrogância de "eu viajo e tu lês o que eu escrevo sobre onde eu estive e tu não". Detesto o viajante soberbo. O viajante que não vê o detalhe, que vê o sítio como um ponto que existe só para: estive aqui.
Há uma máxima que diz: "to travel is to kill places". Concordo porque vejo as pessoas que viajam na voracidade da fotografia. Vão e já está. O Bryson é tão nada disso...

27 de agosto de 2011

Lido no spam

Até dá vontade de fazer: um dia de formação sobre lidar com as personagens difíceis que nos aparecem à frente e nos tornam os dias e a vida menos sorridentes.

This is a day of intensive training with immediate payback ...

Learn to take the offensive against know-it-alls, dictators, snipers, gripers, "yes" people, "no" people, and all of the other contrary characters you confront every day.

Never again fall victim to those who love to make life miserable for the rest of us ...

* You'll learn why they act the way they do.
* You'll find out exactly what to say and do in specific situations.
* You'll become less of a target for their barbs and antics.
* You'll see how to bring out the best in even the worst offenders.

É pena ser em Chicago mas hey Chicago é um encanto...

26 de agosto de 2011

Caril à moda Blonde

Nunca tinha feito caril antes. Pensava que era muito difícil... Afinal, era mais outro papão culinário como outro qualquer daqueles que eu enfrento quando entro na cozinha. Inventei, ainda que ache que não tenha inventado grande coisa. Ficou tão bom que até estou envergonhada de tanto orgulho que sinto.

Ingredientes:
1 embalagem de camarão (+/- 350grs)
1 beringela grande ou 2 pequenas
1 cebola média
5 dentes de alho (nada diz que têm de ser 5, claro)
2 tomates médios
1 lata de leite de coco
1 colher de chá de caril em pó
1 mão cheia de coentros frescos picados
azeite q.b.
sal a gosto

Cortar as beringelas em cubos e salpicar com um pouco de sal grosso para sair o excesso de líquido. Num pouco de azeite refogar a cebola e o alho picados. Quando a cebola estiver translúcida juntar o tomate cortado em cubinhos e deixar cozinhar até o tomate ficar mole e bem incorporado no refogado. Juntar depois os cubos de beringela dos quais se sacudiu o sal e excesso de água. Quando a beringela estiver quase cozinhada juntar os camarões, o leite de coco e o caril desfeito num pouco do leite de coco. Deixar cozinhar (eu junto o sal nesta altura). Quando se desligar o lume juntar os coentros picados envolvendo-os no caril. Servir quente acompanhado de arroz branco.
Yummi!

24 de agosto de 2011

Esta Lisboa que vou descobrindo e me encanta

20 anos. Regresso à Alemanha para estudar dois anos depois de decidir que ia ser portuguesa. Agosto. Como Agosto sabe ser em alemão: nublado ou de céu amarelo e calor abafado que queima a cabeça. Sinto saudades. Na solidão daquele Agosto lembro-me todos os dias de Lisboa e descubro que ela é branca e que tem uma luz transparente e lavada como eu lia aos poetas e aos expatriados. Lembro-me distintamente de ter falta do azul misturado de Tejo e mar e das colinas que via em branco na minha mente. Aos vinte percebi que gostava de Lisboa e que Lisboa era, afinal, mais especial que todas as cidades e capitais que eu conhecia e percebi que Lisboa me sabia melhor que Berlim ou Munique.

Hoje, por irónicas voltas do destino, fui descobrir um pouco mais dessa Lisboa familiar que tanto e tanto ainda desconheço. Por coincidência é Agosto e se nos meus vinte anos me dissessem que eu ia passar um Agosto em Lisboa eu acharia talvez uma impossibilidade ridícula mesmo que tivesse descoberto que tenho saudades de Lisboa quando estou longe (e estou longe muitas vezes).

Acho-nos uma cidade acanhada que já foi grande. Alva. Uma cidade de estatura pequena como o povo e não uma coisa mastodôntica criada a super leite como as cidades maciças do Norte. Pequena. Criada a sardinhas e queijos de cabra. Mas é mimosa. Tem um quê de graça como o fado lhe canta. Vive entre choradinhos de tristezas e algazarras de folia. Eu continuo "estrangeira" mas Lisboa é uma coisa de azul branco perdida entre mágoas saudosistas e a vontade de ser moderna e nunca agarrar bem a modernidade.

Hoje descobri a Capela de Sto. Amaro. Património classificado desde 1910. Perdida ao pó e entregue aos pombos e penas mortas. Porque é que está fechada a cadeado? Aqueles azulejos mereciam tanto mais que os vissem de perto e não por fugazes vislumbres através de grades negras e sujas. Que deprimente. Empobrecemos sem dignidade esta Lisboa e entregamo-la a um miserabilismo humilhante. Tive vergonha, ali a contemplar o Tejo à frente dos azulejos perdidos num bairro de velhos e escadinhas íngremes. Um canto tão digno e tão desbaratado. Por isso não somos modernos. E por isso, esta Lisboa que eu descubro e descubro amar anda assim meio enxotada ao Deus dará pelas calçadas descalcetadas deste abandono... 

Patê de atum light Blonde

Ando a experimentar inventar ou renovar receitas com iogurte para evitar natas e maionese. Este patê é uma delas e fica muito saboroso e fresquinho.
Ingredientes:
1 copo de iogurte grego (150ml)
1 lata de atum
1 ovo
cebola q.b.
sal a gosto

No copo misturador colocar o atum, o iogurte, cebola picada a gosto e uma pitada de sal. Misturar bem até ficar uma pasta homogénea. Cozer um ovo e depois de cozido picá-lo e juntar à mistura. Misturar mais um pouco até Envolver bem o ovo. Verter numa taça e levar ao frigorífico.
Bom apetite!
                                                           

22 de agosto de 2011

O que me surpreende no meu sobrinho

O que me surpreende mais no meu sobrinho, entre o infinito que me surpreende, é a mãe dele. Como é que a Mana virou mãe é o que me espanta neste contínuo já com quase dez meses. Subitamente vejo-a outra pessoa sendo a mesma pessoa. Às vezes dou por mim a ver se lhe apanho vislumbres da nossa Mãe. E sim, tem vezes que lhos apanho. Certas palavras que só a nossa Mãe dizia e ela diz porque lhe são imanentes, quase geneticamente adquiridas. E depois surpreendo-me por vê-la navegar num mundo dela e dele e vejo-lhe os olhos que se perdem nele por ínfimos segundos mas que são olhos perdidos num território em que ela agora habita e que me é distante. É maravilhoso. Eu fico ali na ombreira daquele universo, um cosmos todo que me admira e me enternece. Falta sempre a Mãe. E agora quando vejo Mana e bebé Manel sinto o bocado que nos foi arrancado tão à bruta.
Mas também me surpreendo no tudo do meu sobrinho. Ignorante em bebés não imaginava de quão zero começamos, de quão tudo aprendemos e de quão rápidos e gigantes são os passos. Vejo-o de semana a semana e a cada uma sinto que mal o reconheço. Leva um segundo o espaço entre o rebolar e o começar a gatinhar. Um segundo o tempo de estar deitado e sentar-se por si próprio. Consegue entreter-se sozinho e isso não deixa de me fascinar. Que mundo existirá ali? Que descobertas o deixarão mais ou menos perplexo com este tudo que ele descobre? Talvez seja a Tia dele quem mais perplexidade encontra em tudo isto. E no fim, aquela boca aberta de riso e viva a vida que ele mostra na plenitude maior do sorriso que diz tudo: o espanto, a descoberta e a felicidade de ser. 
Como é verdade que é impossível não nos surpreendermos num bebé...

Mousse blonde de limão

Suponho que milhões de pessoas já devem ter inventado esta receita mas... como eu não a li em lado nenhum também acho que a inventei: Mousse de Limão feita com iogurte grego.


Ingredientes:

2 copos de iogurte grego natural (300ml)
1 limão, sumo e raspa
2 folhas de gelatina incolor
4 colheres de sopa de açúcar

Verter os dois copos de iogurte grego numa tigela larga e misturar com o iogurte a raspa e o sumo de limão. Juntar depois as colheres de açúcar e misturar. Dissolver as folhas de gelatina em aprox. 1 dl de água quente e emulsionar muito bem a gelatina no preparado de iogurte e limão. Verter para a taça onde se vai servir a mousse e levar ao frigorífico.
É muito fresca e a raspa de limão dá-lhe um sabor muito distinto e elegante.

21 de agosto de 2011

Há qualquer coisa de mágico

Em acordar numa Casa em silêncio, ainda meio desarrumada da festa, fazer café e ter pastéis de belém à espera. Ontem  o todos, hoje o eu e o domingo. E é ainda o acordar e pensar que vivo nesta Casa. A Casa de sempre, onde já vivemos tantos, que me veio parar às mãos nas tragédias da Vida e que eu agora vou levantando do pó de passados e construindo presentes. É bom acordar assim, no silêncio depois da festa...

19 de agosto de 2011

Hoje foi um dia bom


E esta canção contribuiu para isso. Descoberta recente no meio de descobertas recentes. Usei-a. E coisas inesperadas. Acho que sou uma boa pessoa.

18 de agosto de 2011

Se não apanhei com as Mebocaínas

no frio das férias, apanhei com elas ontem em Sintra. Hoje estou a chá quente em pleno Agosto. Ó caramba de terra tão geladinha...

17 de agosto de 2011

Descobri hoje

porque é que tive tanto frio nas férias. É que a latitude, que eu pensava mais meridional, é a mesma da capital do Alasca. Ele há com cada uma. Alasca... pois...
Claro que isto é só para descontrair dos nervos que a Europa a dois me anda a dar por estes dias. A malta arma-se em bimba para ver se não percebe.

16 de agosto de 2011

Aqueles dois já me enervam!

Eu sei que é suposto ser a silly season, ou talvez por isso: a Merkel e o Sarkozy tiram-me do sério. Então mas a Europa agora é o feudo da Alemanha e da França?! A lata de "proporem" que cada país da zona Euro inclua certas e específicas cláusulas nas suas Constituições. O topete! Até parece que são o exemplo das boas finanças... Es nervt mich!

14 de agosto de 2011

www.fishfight.net


Numa época de crise, de problemas ambientais, de necessidade de preservar os stocks de pescas, a ver se a mensagem passa para os nossos líderes. mais que tudo. por uma questão de consciência humana...

10 de agosto de 2011

Trabalhar em Agosto

Oficialmente nunca me tinha acontecido. Não noto menos trânsito. Não noto a cidade abandonada. Noto só a faculdade menos (bastante menos, aliás) ocupada. Penso, enquanto conduzo, que costumo estar fora nesta altura, que há gente sem horários nas praias. É um bocado estranho. Não chego, no entanto, a notar que está calor e que, sim, é Agosto. Entre o carro, a Casa e a faculdade pareço um drácula que evita o sol (que evito com esta tez). Tenho as mãos frias do ar condicionado e à noite durmo com cobertor. Se não fosse por ser Agosto, não acharia estranho. Mas é. Agosto e eu trabalho no comezinho das 9 às 5. Aulas de manhã, produção (enfim, um bocado semi) à tarde. E, apesar de tudo, até gostaria que Agosto demorasse a passar. É Agosto e eu trabalho, mas é Agosto, ora.

9 de agosto de 2011

"Realizar" que aterrei


"Climbing up on Solsbury Hill..." and my heart going boom, boom, boom, grab my things to come back home.
My head was so full of this song. I was singing it all the way when I saw the city light and the shadow of the big cathedral where we were locked. Such ancient time all around. The hill and the plain and light fading in the dusk. Solsbury Hill, Salisbury Hill, it's irrelevant. It was there and it was calling from time immemorial. And I was feeling so much, so much more than what I was seeing. And I sang, and sang, and woke up the next day still singing and still there on that place. Eyes wide open, the girl I brought along.
Only now can I start verbalising or making sense through words. Time stood as still as it does now in my mind as I remember. It's going to be slower now, now that I'm back in the machinery and no longer part of the scenery. But yes, climbing up on Solsbury Hill [...] wind was blowing, time stood still...

7 de agosto de 2011

Chegar

Ir é sempre bom. Mas começo cada vez mais a sentir que chegar é talvez ainda melhor. Abrir a porta da Casa em silêncio no seu cheiro familiar de limpo e madeira. Aqui é a maior viagem.
Desvaneço o cansaço do regresso e dos dias ausentes passados em muito. Há cartas por abrir em cima da mesa da cozinha. Travessas de fruta fresca. Há o Spotty doido. Dou uma volta rápida pelo jardim: a relva precisa de mimo de água, a giesta ainda tem umas quantas flores, a acácia está a preocupar-me. Sou precisa aqui. Listo mentalmente o imenso que tenho para fazer amanhã enquanto começo a desfazer as malas da viagem longa aos céus distantes. Vi tanto. Senti tanto. E esse tanto de tanto perdia-me em muito como uma esponja que já não consegue absorver mais. Só que havia sempre mais e mais e eu absorvia sem saber com que capacidade. Acho que vou precisar de tempo para formar lembranças. Vou precisar de tempo para perceber o ver que vi. Agora, e já, importa que cheguei. Esta viagem vai demorar muito e no imenso que foi vai ser porque se desenrolará no tempo que vem.
É bom chegar. A orquídea floriu enquanto eu estava longe...