28 de fevereiro de 2011

Tê-la em sonhos


Voyage autour de ma chambre, Xavier de Maistre (1794) é talvez a obra que inaugura a tradição literária das viagens imaginárias: uma cela, um preso e as viagens na imaginação. Eu estou a começar agora a viajar no meu quarto. Descubro que não sei nada do espaço onde habito. Quando recebo visitas percebo que não lhes sei mostrar nada deste sítio. Sei que me corre visceralmente nas veias no muito que gosto de aqui viver porque nós sempre aqui vivemos. Mas não o meu nós mais chegado e eu, perdida em horizontes longínquos, sempre ignorei o que me rodeava.
Descobri esta quinta abandonada há coisa de um ou dois anos. O curioso é que fica mesmo ao pé da minha casa e só ontem lá fui. Mais curioso ainda: eu passo por ela todos os dias. Engraçado como os olhos nunca tiveram curiosidades de expansão aqui. Desde que a descobri que me encantei por ela. Gostava de comprá-la. Nem sei porquê. Eu já moro numa casa que, por muito que eu me espraie, não consigo preencher, como é que eu iria morar num casarão destes? É linda. Tem um torreão com um relógio e as águas são forradas de azulejos encimadas por um enorme lobo em cata-vento. A empena de trás também tem uns quatro ou cinco painéis em azulejo. Já tem fendas nas cantarias. Algumas vidraças estão partidas e as portas carcomidas e gretadas. Imagino herdeiros que não se entendem em partilhas ou donos sem capital que sustenha a manutenção de uma coisa destas. Seja como for, dá-me pena.
Passo por ela e digo-lhe que gostava que fosse minha ainda que só em sonhos...

24 de fevereiro de 2011

Pedaços de luz


É noite de breu quando chego a casa. Do lado de fora um carro parado, pardo e solitário na escuridão. O feixe de luz dos meus faróis reconhece-lhe a matrícula.
- Pensei que estivesses a precisar de mim. Trago jantar. - Declara assertiva enquanto sai do carro
- E estou. - Replico num sorriso que pensa: "Mas tu não lês o blog, eu nem tenho falado contigo."
- Palpitou-me...
Enquanto estaciono a carrinha já ela está com os braços carregados de coisas que imagino sejam o jantar.
- Vá, pega aqui no vinho. - Diz no comando do imperativo que me dá a melhor parte daquele fardo.
- Vinho?! Vinho e tudo? - Sorrio.

Sim, há o dark side. Mas quantos se ficam só por ele? E quantos se ficam porque não têm como iluminá-lo?
Damos por findo o serão já são 2.30 da madrugada. Rendeu a noite, o vinho, os crepes com chocolate. Rendeu isto: a conversa e, sobretudo, rendeu a comunhão. Posso não saber fazer muitas coisas, posso não ter sabido fazer outras tantas mas algures no percurso eu soube ir fazendo amigos. Estão espalhados na geografia. Estão espalhados pelas páginas deste blog onde despejo o dark side. Em cada episódio sombrio estão lá. Uns pegam em mim e levam-me para longe; rebocam-me para a distância que me dará a clarividência. Outros chamam-me até eles, até às suas vidas, fazem-me conduzir por estradas geladas ou atravessar pontes romanas perdidas em rios de Seda. Outros vêm aqui, aqui a esta Casa Grande onde, por vezes, o dark side se avoluma na exacta medida do espaço largo e me engolfa espraiando-se como quem pode abrir as asas à vontade.
A luz entra pela cozinha onde gosto de apanhar as manhãs. Sento-me à mesa agora solitária. Copos vazios e a garrafa aberta, testemunhos mudos da luz de ontem, de há umas horas. Levemente sinto o cheiro acidulado de vinho aberto que permanece. O dark side também permanece. Fechou as asas por ora. Olho-o e é feio. Uma coisa amorfa e disforme em negro. Um Allien que se esconde nos múltiplos recantos desta Casa. Dá-me um medo danado. Estou na fase do filme em que ele se pensa invencível. Só que o filme não acaba agora. De mansinho estou a vestir o fato impermeabilizado pelas nuvens de algodão que me dão os pedaços de luz como os de há bocado. Lentamente visto o fato. O Allien está ali, ainda se vai aproximar mais de mim. Ainda vou ter mais medo que agora. Mas eu já vi o filme mil vezes...

23 de fevereiro de 2011

O Dark Side

Acho que todos o temos. O destes dias, dizem-no melhor os Eurythmics:

They say the greatest coward can hurt the most ferociously.

21 de fevereiro de 2011

What imprint?

What imprint does one leave in life? What will be there when there is no one there to mourn us?
We are so great and so full of ourselves. Piles of nothing are we. We go through therapy so they tell us how great and unique, so special we are. We are brought up to believe in our greatness and not to let anyone tell us otherwise. We are indeed great and we think we are even greater than that. We are. And yet we are not.
We have children that will die.
We write books that will not be read through the eons of Time.
We plant trees that will grow anymous.
We try to think we make a difference or that the world is a better place because of us. It may even be true. It is most certainly true. I am convinced of that. But what is the worth in all of that? Why are we trying so hard? Why is it always so hard to try?
The allure of the abyss.
The comfort of nothingness.
The sweet temptation of dumness.
Hope is a killer. The agony of it. The trickster. The hoax.
What will be there when we are no longer there?
You think you have it all. And you do. You do have it all come to think of it. What more do you want? What else can you possibly want? What is that more that you want? Will there ever be an enough? But you have nothing. You have fabrications of what you think you have. You have little bits and pieces that amount to nothing. You think what you want is so simple. So absurdly simple. Well, is it?
And now you write this and it makes no sense. Simply because you wrote it it makes no sense. Just no longer. Or just not now. You read the stupid words and they do not mean you. You read the really stupid words and you look down on them as a bad text of a worse writer. Or then, because you wrote them, you got the distance (to go the distance and walk the line)...

Dia tão bonito

e eu tão chateadinha....

19 de fevereiro de 2011

Dia de Cheia

Este é o meu campo num dia de cinza e neblina nos montes. Está calmo... agora.

De manhã vi que o solo do relvado não absorvia mais água. Uma noite de chuva incessante e o jardim parecia uma pateira onde um melro procurava abrigo por baixo dos ramos da giesta que a Mãe plantou há muitos, muitos anos.
Não dou por isso. Um acaso apenas. Um ir à janela e ver rios de lama ocre que passam velozes pelo que era o jardim. Rios de lama fina que circundam a casa, uma ilha seca num mar de vagas que espumam castanhas. Assim, de súbito e manso de fúria. Assusto-me. Presumo que um dos rios tenha galgado a margem. Quando dou por mim de galochas e impermeável amarelo, há gente na rua. Gente que se deu conta. Gente que vai ver o que se passa. Gente que vai acudir a quem deve precisar. Imagino gente desprotegida. Imagino casas com água. Imagino o que fosse se fosse comigo. Estou na rua. Sim um dos rios saltou a margem e espraia-se à vontade. E na minha casa há um jardim submerso. Um Spotty doido de curiosidade e eu incrédula na pequenez face aos elementos e na sorte de ter uma casa destas.
Telefono histérica ao Pai:
- Nem adivinha, Pai. Houve agorinha uma cheia! Uma cheia, Pai!, daquelas com barria e água a sério. E há bombeiros! Ó Pai, uma cheia!
Devo parecer a bimba que sou. Uma Zsa Zsa Gabor em Green Acres e penso, como sempre penso, que as clivagens desta sociedade, que nos acompanham desde que a sociedade é a sociedade, me permitem ser a Zsa Zsa Gabor: a loura que vai almoçar tranquilamente e que depois pode ir passear o Spotty num campo sereno que já escondeu a ira que nos arremessou à calada enquanto outros deitam contas à vida submergida por entre água de barria ocre.
Pode ter vendavais e água brava. Dá-me um trabalho danado que eu não teria se morasse na cidade. Oiço os trovões no ressoar de paredes de ecos e o vento que silva contra as persianas ou que se abafa roufenho na chaminé da lareira. Mas é o meu pedaço de mundo. Andei afastada muito tempo. Os estudos, as viagens, a profissão, o passado nascido noutro país, a Mãe que aqui morreu e a sepultura do meu não-casamento. Tudo isso me afastou. Tudo isso me fechou gavetas no coração e na mente. Não condizo com o espaço. Sou sempre a Zsa Zsa Gabor e não consigo ser outra coisa que não a Zsa Zsa Gabor. Sei que seria feliz noutro local qualquer mas aqui: aqui estão as minhas umbilicalidades viscerais e isso não se explica, sente-se, como eu senti hoje num dia de cheia que, sem me tocar, me tocou no mais irracional que tenho: home...

18 de fevereiro de 2011

Praticamente

Muito gosto eu da palavra "praticamente". Então quando é usada em expressões como "estamos praticamente em recessão" ainda gosto mais.

17 de fevereiro de 2011

E o vento passou...


E o meus cadeirões voaram de um lado para o outro do jardim. Uma frivolidade num mundo Blonde quando, pelas imagens na TV, me entram olhos adentro vidas arruinadas pelos excessos do clima.
Oiço trovões e lembro-me da Mãe. Quero ir ver os tornados no Kansas. Gosto de tempestades e de ir para o meio delas. Mas tudo isto, tudo isto eu faço do alto dos meus privilégios, do meu universo que, visto aqui e daqui, parece o cosmos de uma tipa fútil que vive, como muitos da sua espécie, num patamar alheio à vida real. É fútil, de facto, falar de cadeirões derrubados num jardim aparado quando há escolas fechadas e gente sem tecto. É fútil e uma sorte de sorte que por aqui nenhum tornado a sério passou, nenhum tornado daqueles F5 que eu quero ir ver ao Kansas na segurança da turista bimba que se dá os ares (e aos ares) de quem gosta de adrenalina.
É em dias como os de hoje que penso na sorte que tenho e como a sorte, afinal, pode sempre abalar quando bem lhe apetecer...

16 de fevereiro de 2011

Dias de tempestade

O que viver no campo tem de grandioso é a proximidade dos elementos de uma natureza não domada.
Adoro trovoadas. Sempre adorei. Lembram-me a Mãe.
Desligar o quadro.
Metermo-nos na cama as três (eu, a mana, a Mãe) tapadas com um cobertor.
Ficarmos ali enquanto durasse a tempestade.

- Como é que se faz, Meninas?
- Sim Mãe, - dizíamos em uníssono de vozes que já disseram aquilo milhares de vezes - vemos o relâmpago, contamos os segundos até ao trovão, multiplicamos por 340 e depois achamos os quilómetros a que está a tempestade.
- Muito bem. E o que é que se deve fazer?
- Afastarmo-nos de água e outros condutores, evitar árvores e sermos os elementos mais altos num descampado.
- Muito bem. Vá, vamos contar este!
- 1... 2... 3...

Depois ficávamos ali aninhadas e quentinhas. E a Mãe contava histórias de trovoadas e tempestades. Contávamos segundos e eu desejava que a tempestade nunca mais passasse.

Hoje é automático: vejo um relâmpago e faço contas. Não me meto debaixo de cobertores. Vou para a janela ou para a rua. Desejo ir ao Kansas em época de tornados e já me meti num simulador deles. Também já persegui trovoadas no ânimo inebriante da menina das trancinhas louras. Mas no fundo, no fundo, dias assim são dias da Mãe...

14 de fevereiro de 2011

Namorada...(?)

- Namorada não. - disse-lhe na voz que se ouve baixo como quem diz algo que quer um princípio mas vai provocar um fim. - Namorada não. - disse-lhe na voz que se ouve baixo como quem diz algo que não se diz mas diz.

12 de fevereiro de 2011

Sugestões dos limões 3: Blonde lemon cake

A Sofia. é me me deu as sugestões que tirou daqui do Simplesmente Delícia. Eu segui... bem... mais ou menos...

Blonde Lemon Cake

Ingredientes:
1 1/2 chávena de farinha
2 colheres de chá de fermento
3/4 de chávena de açucar
3 ovos
3 colheres de sopa de azeite (o original é manteiga mas eu não uso disso)
1 chávena de leite
1 chávena raspa de limão
1 chávena de sumo de limão
1/2 chávena de açucar em pó
Misturar a raspa de limão com o açucar (no original dizia para fazer com as mãos mas isso ainda é um passo muito à frente para mim e fiz com uma colher de pau). Só vos digo que é uma operação muito perfumada.




Envolver bem o açucar com a raspa até ficar uma pasta. Juntar o azeite e mexer mais um pouco. Depois os ovos e mexer e depois introduzir a batedeira e mexer muito bem até a massa ficar fofa. Junta aos poucos a farinha com o fermento intercalada com o leite. Bater mais um pouco e verter o preparado numa forma previamente untada e enfarinhada. Levar ao forno até ficar douradinho.
Depois de sair do forno e desenformar picar o bolo com um garfo e verter sobre ele o molho feito com o sumo de limão e o açucar em pó bem mexido que aquilo tende a grumar. E já está.

Ei-lo: lindo, maravilhoso e absolutamente d.e.l.i.c.i.o.s.o. (acho mesmo que é o melhor bolo que fiz na vida!).

11 de fevereiro de 2011

Eça, Portugal, a Grécia

Interrompo a saga dos limões porque li esta em As Farpas dos bons Eça e Ramalho. Data: Dezembro de 1871.

"Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, masmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem política, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão" (p. 312 da edição da Principia de 2004).

Sou tentada a concordar com Hegel que a única coisa que aprendemos com a História é que não aprendemos nada com a História.

10 de fevereiro de 2011

Sugestões dos limões 2: squashed lemon cubes


A segunda sugestão desta solução para dar vazão às toneladas de limões que me vão pelo quintal chegou-me através da minha querida Ältere Leute a que se juntou a Cristina Torrão.
A coisa é relativamente simples:
Lavei e levei uns quantos limões ao microondas para ficarem mais facilmente espremíveis, espremi-os e enfiei o sumo com um funil em saquinhos para cubos de gelo. Leicht, oder?
(Mas lá que é uma sequinha estar ali que tempos a espremer limões, é!) :)

Vielen Dank Ältere Leute und Cristina Torrão!

8 de fevereiro de 2011

Sugestões dos limões 1: Mousse de Abacate


Eu lá pensava que havia tantas sugestões para aproveitar limões!! Obrigaaaaada!!!
Aqui vai o resultado da primeira, enviada pelo Pedro e a ver (dada a quantidade diluviana de limões que este meu limoeiro deu em produzir) se consigo dar conta aqui no blog das diversas sugestões (umas bem yummi, outras bem práticas e outras... bem... outras metem a Bimby e eu já de mim sou tão bimba, valha-me Deus...).

Mousse de Abacate

Ingredientes:
. 5 abacates (deu-mos biológicos a Paula, produto do quintal dela ou da mãe dela porque isto aqui no campo é mais ou menos tudo bio)
. 1 limão (super bio aqui do quintal e coisa mínima para despachar as centenas que para aqui estão)
. açucar louro a gosto
Descaroçar os abacates, retirar a polpa e reduzi-la a puré (eu fiz com um garfo). Juntar o sumo de um limão e o açucar. Misturar. Já está!
Amigos, é de cair para o lado de tão fácil e deliciosa. Estou fã!! O aspecto é que enfim... é um bocado esverdeado alienígena, mas não se pode ter tudo.
Bom apetite. E obrigada ao Pedro.

7 de fevereiro de 2011

O que é que eu faço a tanto limão??


Truz, truz.
O senhor que me cuida do jardim deixa-me um saco com uns bons 6 ou 7 quilos de limões à porta. Ainda lhe pergunto se não quer uns quantos. Não, que também os tem. Olho para o limoeiro e estes 6 ou 7 quilos são nada numa árvore carregada.
O que é que eu faço a tanto limão... Aceita-se sugestões.

5 de fevereiro de 2011

12 meses?!

Ontem ouvi num dos telejornais do prime time da nossa praça que a Nova Lei do Divórcio permite que um divórcio por mútuo consentimento (não é o meu caso) se resolva em apenas 30 dias. Fantástico! E que nos casos de divórcio sem mútuo consentimento (o meu infeliz caso), todo o processo fica findo em doze meses.

Das duas quatro:
- ou isto é jornalismo de péssima qualidade e pior informação;
- ou o Ministério da Justiça tem os dados todos trocados (o que não me surpreende dado o estado de baralhamento senil do Governo);
- ou o Ministério da Justiça está a sonegar informação para fazer bonito junto da opinião pública;
- ou o meu divórcio deve ser um case-study.

Ora deixa cá fazer bem as contas... Sim, o meu divórcio entrou na justiça em Dezembro de 2008 e ainda não tem fim à vista. Alguém que me explique, sff.

2 de fevereiro de 2011

Porque recebi um mail

Nos doze anos que já levo de Academia, acuso um desapaixonamento que me desmorona cada vez mais no muito que eu gosto de pertencer à Academia e no muito que este desapaixonamento significa a contradição da visão que eu tinha há esses doze anos atrás. Não interessam os factores: as sucessivas políticas de mutilação da Universidade enquanto instituição, as hordas de alunos que, sem outras alternativas, vêem no ensino superior a única via profissionalizante e chegam no mais completo desalento e na maior impreparação imaginável, a degração da imagem académica, etc, etc.
É também verdade que tem sido no exterior que eu tenho encontrado as maiores fontes de inspiração, seja porque eu continuo uma "outsider" neste país, uma eterna estrangeirada no país que forçosamente eu quero que seja meu e nunca é, seja por causa do bilingualismo que me desbarra as fronteiras geográfico-linguísticas, não importa. Hoje recebi um de milhentos mails de um daqueles académicos que plantamos num Olimpo onde muito poucos ascendem. Nos últimos cinco anos temos trabalhado juntos em diversas ocasiões. Separam-nos décadas e um grande abismo em termos de senioridade. Lamento dizer que em Portugal dificilmente trabalharia com ele nos termos em que trabalho com ele. E ele tem sido uma fonte profícua de inspiração e contrabalanço ao desapaixonamento. E, à sua maneira, acho que ele me está a pavimentar um caminho.
Hoje, a propósito das dores de cabeça que me estão a dar certas "prima donnas" académicas, daquelas que não colocamos no Olimpo mas que se acham residentes desse Olimpo, disse-me:

"Carissima,
I sometimes think that the bad actor, in addition to wanting to get a lot of attention, is trying to see if I lose my temper. And, in a weird sort of way, I do everything I can to try not to... perhaps just to spite them?
My personal mantra is "tormented children", because so many adults I interact with in the academy seem to fit that description...and I find that I have to be the accomodating one. And, in complete contrast, the real giants in the academy, as well as the real world, that I've been lucky enough to meet have almost all been incredibly humane. Strange, isn't it?"

A razão para vir para aqui com este mail não é desabafar tormentos e dizer que alguém me passou a mão pela cabeça paternalisticamente, é a lucidez do comentário de alguém que já andou muito numa estrada muito longa. A lucidez que nos falta na nossa pequenez e umbiguice. E a razão principal por que aqui deixo um excerto deste mail, cuja leitura seduz no caráter literário até, é porque o quero partilhar, colocá-lo longe do esquecimento a que se votam os mails que nos caem no correio profissional de todos os dias, dá-lo a todos porque se transcreve para o mundo real, para o mundo português (ainda que o contexto particular de onde partiu seja americano), para a nossa vida rodeada de "bad actors", quando os gigantes caminham sem ondas entre nós e sem nos molestarem com o peso dos seus passos.

Como diria a voz da RFM, vale a pena pensar nisto...